No clima atual de interesse pelo Ocultismo, nova onda de atenção está sendo dirigida a investigadores clarividentes, como C. W. Leadbeater. Esses videntes bem dotados oferecem uma visão ampliada do homem e do universo que abrange áreas inteiras incognoscíveis, quando tomadas através de meios físicos de investigação. As perspectivas que expõem podem fornecer pistas para a compreensão de fenômenos de interesse atual, aliás inexplicáveis, como eventos parapsicológicos, prognosticação, cura, etc.
Quanto à autenticidade das faculdades clarividentes, o próprio Leadbeater percebeu, já em sua época, que "existe uma massa avassaladora de provas irrefutáveis da existência dessa faculdade". As provas do século XX são mais convincentes ainda.
Parapsicólogos coligem e acompanham casos espontâneos, assim como a conduta controlada por estudos de laboratório. Médicos consultam médiuns em casos difíceis de diagnosticar. Até a polícia se fia, por vezes, de médiuns para solucionar crimes intricados. Mas a prova mais convincente vem da estreita correspondência entre as narrativas relacionadas com mundos invisíveis, fornecidas por médiuns e clarividentes tanto nos tempos antigos quanto nos modernos. Dir-se-á que eles respondem à mesma realidade supersensorial, se bem que, necessariamente, com sua interpretação individual. Como diz Leadbeater:
“o clarividente é simplesmente um homem que desenvolve, dentro de si mesmo, o poder de responder em outra oitava fora da escala estupenda de vibrações possíveis, e assim permite a si mesmo ver mais do mundo que o cerca do que os de percepção mais limitada.”(1)
As palestras que compõem este livro, A VIDA INTERIOR, foram proferidas para estudantes de Leadbeater e Annie Besant, sua íntima colaboradora, e clarividente como ele. Leadbeater presumia que o seu público estivesse inteiramente familiarizado com a sua visão ampliada do mundo. Na presente edição parece-nos necessário esboçar algumas das principais características dessa visão, a fim de tornar o livro mais compreensível.
A visão ampliada do mundo não surgiu com Leadbeater, embora tenha preenchido muitos pormenores deixados anteriormente em branco. O seu esquema ajusta-se a uma tradição venerável, que acompanha a humanidade desde tempos pré-históricos.
A História mostra um núcleo de verdade que transparece através dos séculos, às vezes ensinada abertamente, dominando uma cultura, como na Grécia antiga, outras vezes ensinada às ocultas e somente aos que a procuravam. Os princípios receberam denominações diferentes e vários aspectos foram enfatizados em épocas diversas, mas o que neles havia de fundamental permaneceu inalterado pelos séculos afora. O núcleo de compreensão é variadamente conhecido hoje como sabedoria antiga, filosofia oculta, tradição esotérica, teosofia. Chama-se "oculta" porque versa o que está escondido, o que não é óbvio. Versa os processos e leis da natureza, o que se situa atrás e além da ciência, e supõe o estudo dos princípios metafísicos que sustentam o universo.
Podem encontrar-se traços dessa filosofia em várias fontes, como a Grécia antiga, Platão, Pitágoras, a Cabala, Zohar, o Gnosticismo Cristão, Lao- Tsé, as tradições hindu e budista, o Sufismo, para mencionarmos apenas algumas. O fio de verdade que corre através desses ensinamentos foi identificado por H. P. Blavatsky em sua obra notável sobre filosofia oculta, A Doutrina Secreta. Leadbeater conduziu suas investigações no contexto da visão do mundo antigo, tal como foi desenvolvida nos mesmos ensinamentos desta.
Esta filosofia repousa sobre a premissa de que existe um princípio de substância imutável, homogênea, divina, do qual nasce o mundo. O mundo físico visível emerge, gradativamente, da sua fonte divina não-material. Essa idéia é altamente plausível no cenário da física moderna. A teoria da Relatividade de Einstein concebe o tempo e o espaço não como dados distintos e separados, mas como dados inseparáveis e interdependentes. A física nuclear - a ciência das partículas subatômicas - estriba-se na noção de campos elétricos e magnéticos inteiramente não-materiais. Falando de campos de quantum, ou campos que podem assumir a forma de quanta ou partículas, Fritjof Capra diz em O Tao da Física:
“O campo de quantum é visto como a entidade física fundamental; um meio contínuo presente em toda a parte do espaço. As partículas são simples condensações locais do campo; concentrações de energia que vão e vêm, perdendo, por essa razão, o caráter individual e dissolvendo-se no campo subjacente.” (2)
Esses campos e essa matéria não-materiais são vistos como uma coisa só; o material emerge das suas origens não-materiais e nelas desaparece.
De acordo, porém, com a filosofia oculta, o mundo físico é apenas uma pequena parte do espectro total da matéria. É o mais denso, o mais concreto de uma série de mundos que vão do "superfísico", extremamente tênue, ao físico sólido. Esta idéia encontra-se nos mistérios egípcios antigos, no Hinduísmo e no Budismo, e tem paralelos na noção grega dos Elementos. Muitos clarividentes como Leadbeater, sensíveis a uma série enorme de estímulos, têm dado importante testemunho corroborativo da existência desses mundos mais finos.
A idéia não é tão forçada numa época em que nossos aparelhos de televisão e nossos rádios, por exemplo, dão constante testemunho da existência de ondas supersensoriais que se precipitam à nossa volta. Instrumentos têm revelado a luz invisível, como a ultravioleta, sons inaudíveis além do alcance do ouvido humano, raios X, raios cósmicos, microondas e muito mais. Sabemos que o espaço à nossa volta está carregado de uma variedade de energias que não podemos detectar com os sentidos.
Sustenta a filosofia oculta que existem diversos níveis de material supersensório, estruturados de maneira significativa, ordenadamente. De acordo com o modo com que Leadbeater apresenta esse conceito, o mundo físico familiar tríplice de sólidos, líquidos e gasosos estende-se para quatro estados mais raros de matéria, coletivamente denominados plano ou nível etérico. Essa matéria sutil interpenetra os objetos físicos, incluindo os corpos de coisas vivas, nos quais o seu papel está estreitamente ligado à vitalidade e à saúde.
Interpenetrando os mundos físico e etérico, há uma esfera radiante, sempre em
movimento, denominada plano ou mundo astral. Escrevendo na primeira década do século XX, diz Leadbeater:
“... em algumas experiências, os nossos homens de ciência hão de estar, na realidade, desintegrando a matéria física, e atirando-a de volta ao plano astral; tudo indica que, nesse caso, eles devem sentir-se, neste momento, forçados a admitir a existência da matéria astral, embora, naturalmente, não pensem nela senão como nova subdivisão da matéria física.” (3)
Os átomos, hoje, são subdivididos de maneira que ninguém sonhava no tempo de Leadbeater. O pronunciamento dele dá a entender que talvez as numerosas partículas, de vida curta, que aparecem nas câmaras de nuvem da física moderna emergem do plano astral.
O homem tem uma aura ou campo de energia no nível astral (a que Leadbeater
chamou corpo astral) que veicula a emoção e os desejos. Assim como a vida – ou energia vital - caracteriza o etérico, da mesma forma o sentimento ou emoção é o fenômeno de campo que ocorre no nível astral. O astral interpenetra o corpo físico e interage com ele por meio do etérico, ou vital, de sorte que as emoções e o corpo trabalham em íntima conexão. O nível mais fino seguinte, o da mente concreta, também está estreitamente ligado ao nível astral, tanto na aura da pessoa como no plano da natureza que lhe é característico, denominado plano mental inferior ou manásico.
Os centros turbilhonantes de energia chamados chacras, existentes em todos os níveis, ajudam a integrar as forças desses planos. Os chacras são centros de consciência, assim como focos de energia, e, dessa maneira, se acham também ligados ao despertar espiritual.
Os níveis superiores do plano mental estão associados ao pensamento filosófico abstrato, mais profundo. Leadbeater refere-se a ele chamando-lhe nível mental superior ou manásico. Além dele existe um nível cognominado búdico em muitos escritos teosóficos, os reinos da introvisão intuitiva, o mais tênue dos quais é a fonte do próprio sentimento do eu no homem, a essência espiritual humana em sua personificação mais pura.
Cada um desses níveis existe como um estado único de matéria rarefeita em toda a natureza, bem como em veículos individuais do homem, organizados com a matéria daquele plano. Leadbeater chama à matéria dos planos astral e mental "essência elemental". De acordo com a sua exposição cada um dos planos se subdivide em sete subplanos, que vão desde o mais sutil até o mais denso. Tais níveis de existência estão documentados na filosofia hindu e no Budismo, onde os veículos do homem em níveis diferentes se denominam koshas, ou invólucros. O Lama Anagarika Govinda, autoridade contemporânea em Budismo tibetano, dá relevo à interpenetração dos diferentes planos.
Esses invólucros, portanto, não são camadas separadas, as quais, uma depois da outra, se cristalizam em torno de um núcleo sólido, senão formas de energia que se penetram mutuamente, desde a mais fina consciência luminosa, "onirradiante", onipenetrante, até a forma mais densa de "consciência materializada", que aparece diante de nós como o nosso corpo físico, visível. Os invólucros correspondentes mais finos ou sutis penetram e, desse modo, contêm os mais grosseiros.(4)
Cada nível tem sua característica única e, como as notas de um acorde, são todas necessárias à expressão plena. Arthur Osborn em The Expansion of Awareness qualifica os planos de:
“... outros modos de energia, organizados em esferas vibratórias a fim de permitir à consciência que funcione de maneiras definidas e limitadas.” (5)
Entretanto, por trás dos diversos modos e veículos, o homem permanece um ser unitário, singular. Consoante Rayno Johnson:
“Visto assim nos contornos mais amplos, podemos ver no homem uma síntese de princípios ou veículos de significação cada vez maior e de poderes mais e mais amplos, à proporção que nos acercamos da sua essência, idêntica à realidade final.” (6)
Segundo o Ocultismo, o ser interior do homem tem três aspectos, análogos à divisão em espírito, alma e corpo, feita pelo apóstolo Paulo. Essencialmente, o homem é um ponto de consciência no solo divino do qual emerge. Essa Realidade Una permanece para sempre uma unidade indivisa. Não obstante, dela emanam raios que criam o atma imortal e indestrutível, como é cognominado em sânscrito. Destinado a envolver-se com a matéria cada vez mais densa, esse raio logra uma qualidade definida nos mundos de expressão material e, envolto numa película de matéria mais rara, converte-se na mônada. Envolvendo-se, em seguida, em material proveniente do reino mental, transforma-se no que Leadbeater denomina o Ego. O seu uso da palavra difere de todo e qualquer emprego moderno. Ele quer dizer Atma-Budi-Manas, a tríade espiritual ou alma do homem, com uma localização estável no plano mental superior. Essa é a entidade reencarnante que ostenta seus poderes gerando personalidades, sem cessar, nas várias culturas do homem.
De acordo com a filosofia oculta, toda a natureza - incluindo o homem evolve de acordo com um plano grandioso. Os antigos gregos sustentavam a idéia da teleologia, fim intencionado que controla o curso dos acontecimentos. Até há pouco tempo essa noção era posta de lado, em virtude, principalmente, das interpretações da teoria de Darwin da variação casual e da sobrevivência do mais apto. Hoje em dia, porém, muitos biólogos estão achando a teoria inadequada para explicar a evolução, que não conseguem conciliar com o acaso cego. Sir Alister Hardy e L. L. Whyte, entre outros, sugerem que fatores no interior do organismo - e a própria vida - desempenham papel importante no conduzir a evolução. A direção no sentido de um alvo e a tensão feita são óbvias em todo o universo da vida. De acordo com Arthur Koestler:
“A parte desempenhada pelo acaso feliz reduz-se à de um gatilho que dispara a ação coordenada de um sistema; e sustentar que a evolução é produto do acaso cego significa confundir a ação simples do gatilho, governado pelas leis da estatística, com o complexo propósito intencional que o acionou.
Qualquer processo diretivo... supõe uma referência ao futuro. A finalidade igual do processo de desenvolvimento, a luta da blástula para crescer e transformar-se em embrião, sem tomar em consideração os obstáculos e azares a que está exposta, podem conduzir o observador sem preconceitos à conclusão de que a atração do futuro é tão real quanto a pressão do passado e, às vezes, mais importante do que esta.” (7)
E. Lester Smith e outros sugeriram que uma espécie de matriz ou campo de força não-material dirige o crescimento, o desenvolvimento e a evolução. Teilhard de Chardin, o jesuíta paleontologista, apresentou argumentos convincentes, segundo os quais o propósito da evolução é dar destaque à consciência expressando-a em formas cada vez mais requintadas, o que está de acordo com a filosofia oculta.
Nos tempos modernos, as mudanças evolutivas do corpo do homem são insignificantes.
Julian Huxley foi o primeiro a sugerir que o impulso evolutivo não é físico, mas psicossocial. O homem é o agente primário da evolução à medida que transmite suas realizações e sua cultura por intermédio da linguagem. Consoante a tradição oculta, a capacidade do homem de exprimir suas potencialidades mais altas, que residem em níveis espirituais mais sutis, mais espirituais, ainda está evoluindo.
Esse desdobrar-se é proceder de acordo com um esquema de evolução a longo
prazo, esboçado por Madame Blavatsky. O Homem está destinado a evolver através de sete grandes fases, denominadas raças-raízes, expressão que não coincide com a acepção atual da palavra raça. No sentido oculto, raça é mais uma qualidade de consciência do que um tipo físico. Até o momento presente, apareceram as primeiras cinco fases de consciência, ou "raças-raízes". O plano de sete raças-raízes repete-se sete vezes em grandes círculos chamados rondas, alguns dos quais ocorreram no passado distante em planos superfísicos. Estamos agora na quarta ronda. Conforme o ponto de vista do Ocultismo, a humanidade é muito mais velha do que dão a entender os dados antropológicos.
A humanidade, como um todo, está na quinta raça-raiz, que começou a desenvolver-se em tempos pré-históricos na Índia, de acordo com Madame Blavatsky. Cada raça-raiz põe em relevo uma qualidade particular associada a um dos corpos do homem.
A quinta raça-raiz enfatiza o desenvolvimento da mente racional, concreta. As
raças-raízes subdividem-se em sub-raças, cada qual com sua própria ênfase secundária da qualidade. Atualmente, a quinta sub-raça domina na América e na Europa ocidental, provocando uma ênfase na mente racional. Daí o desenvolvimento fenomenal da ciência e da tecnologia no Ocidente. A sexta sub-raça, que agora começa a desenvolver-se, trará a intuição e a introvisão unitiva. Prenúncios disto encontram-se em alguns pensadores mais eminentes.
É impossível identificar a sub-raça a que pertencem indivíduos de determinado grupo étnico. Como assinalam antropologistas, as diferenças no interior do grupo são, muitas vezes, maiores do que as diferenças entre os grupos. As qualidades de cada raça e de cada sub-raça são necessárias e de igual valor, de modo que não podemos dizer que os tipos anteriores sejam "inferiores" aos subseqüentes. A visão ocultista da evolução não se baseia tão-só na progressão linear, senão na expansão da consciência em profundidade, em que poderes latentes são atualizados e trazidos ao controle consciente pelo indivíduo.
A filosofia ocultista sustenta que o homem ou a mulher, como ego ou alma, reencarna muitas vezes em cada uma das raças, desenvolvendo as várias qualidades que elas proporcionam. A reencarnação, idéia antiga das filosofias orientais, é hoje adotada por mais de metade da população do mundo. (No Ocidente, até membros da comunidade científica estão começando a interessar-se por ela. Recentemente, o dr. Ian Stevenson documentou casos que só parecem explicáveis através do conceito da reencarnação.)(8) Sustenta a filosofia ocultista que o sentido essencial de uma existência é assimilado pela alma e nela se incorpora entre as encarnações.
As tradições orientais ensinam que efeitos dos acontecimentos e das ações de
uma vida podem ser transferidos para outras vidas. Assevera o Ocultismo que o universo é uma teia inseparável de interconexões dinâmicas. Corroboram essa maneira de ver a física moderna e os estudos de ecologia. De acordo com o Budismo e o Hínduísmo, o equilíbrio dinâmico da vida é mantido pela lei do carma, que significa ação. Capra define o carma como:
“... o princípio ativo do jogo, o universo total em ação, onde tudo está dinamicamente ligado a tudo o mais. Segundo o Gita, "o Carma é a força da criação, da qual todas as coisas recebem sua vida", (9)
O equilíbrio produzido pelo carma resulta em ordem e legitimidade que se estendem ao reino moral e à atividade humana. A expressão bíblica, "Como semeardes, assim colhereis", capta a essência dessa lei em ação. O resultado de nossos atos torna-se manifesto, não somente nos eventos e circunstâncias de nossas vidas, mas também no nosso caráter. Falando sobre os ensinamentos do Vedanta, diz Zimmer:
“... o fruto portador do carma são os incidentes e elementos da nossa atual biografia, bem como os traços e disposições da personalidade que os produz e suporta.” (10)
O Lama Govinda comenta o mecanismo que aqui funciona:
“o caráter nada mais é que a tendência da nossa vontade, formada por ações repetidas. Cada ato deixa um traço, um caminho feito pelo processo de caminhar, e onde quer que exista um caminho assim palmilhado, ali constatamos, quando se apresenta uma situação semelhante, que tomamos esse caminho espontaneamente. Essa é a lei da ação e da reação, a que damos o nome de carma, a lei do movimento na direção da menor resistência ... É o que comumente conhecemos como "força do hábito". Quando saímos de uma e entramos em outra vida, a consciência assim formada constitui o núcleo ou germe da nova personificação.” (11)
Na terminologia de Leadbeater, esse núcleo consiste em "átomos permanentes", que passam de uma encarnação a outra. Um átomo de matéria de cada um dos planos inferiores liga-se à mônada para servir de repositório de experiência naquele plano, através de todas as séries da encarnação do indivíduo. A noção budista dos skandhas é semelhante a essa idéia.
Vê-se, dessa forma, que o próprio homem é o autor do seu destino, parte do qual escreveu num passado distante. Mas o resultado das suas ações são menos recompensas e punições do que experiências educativas para o seu crescimento. Além disso, o carna não supõe uma predestinação fixa. Novas atitudes e maneiras de responder a circunstâncias servem de novas causas capazes de alterar (mas não obliterar) o resultado de ações anteriores. À proporção que o homem assume maior controle de si mesmo, exerce maior influência consciente sobre o curso de sua vida.
Todas as religiões ensinam um modo de acelerar o desenvolvimento espiritual.
Práticas espirituais, como a ioga, a meditação, a oração, os mantras, destinam-se a despertar poderes latentes. Neste livro, Leadbeater refere-se a muitos aspectos da vida interior associados ao crescimento espiritual. As palestras nele enfeixadas eram dirigidas a estudantes no caminho do desenvolvimento espiritual que buscavam desenvolver-se a fim de poder prestar maiores serviços.
Leadbeater alude freqüentemente a adeptos, Mestres e outros seres altamente evoluídos.
A existência de tais seres é uma conseqüência natural da lei da evolução da vida consciente. No Oriente, a existência de pessoas espiritualmente maduras é tida como líquida e certa; nessa suposição se baseia a tradição guru-discípulo. O Ocidente também reconheceu iniciados e adeptos, sobretudo no antigo Egito e no tempo das escolas gregas de mistério. Não só o Ocultismo mas também a filosofia oriental amontoaram umas sobre as outras categorias de seres evoluídos numa hierarquia sem fim.
Alguns são conhecidos como grandes homens da História, ao passo que a maioria trabalha em silêncio e no isolamento. Vários tipos de seres avançados são mencionados como adeptos, chohans, Dhyan Chohans, devas e assim por diante. Embora sejam seres individuais distintos, todos inerem a uma vida universal divina, e são só seus centros. Leadbeater enfatiza, em particular, um ser que está muito além do nível da humanidade, a quem chama de Logos Solar. No seu entender, a vida dos seres divinos penetra, sustenta e dirige todo o sistema solar.
O Sr. Leadbeater, homem da maior integridade, usava a sua visão com tanta objetividade e cuidado quanto possível. A maior parte das suas investigações foram corroboradas por outros clarividentes que trabalhavam com ele. Sem embargo disso, algumas colorações culturais e modelos vitorianos de pensamento do seu tempo insinuaram-se necessariamente nas suas interpretações. Mas quaisquer distorções ligeiras ou expressões obsoletas são mais que superadas pela grandeza da sua visão e pelas suas fascinantes observações sobre os reinos ocultos da natureza.
Shirley Nicholson
6 de novembro de 1977
Notas e Referências:
1. C. W. Leadbeater, Man Visible and Invisible. Adyar, Madrasta, índia: The Thoosoprucal Publishing House, 1942, p. 26. [O Homem Visível e Invisível, Editora Pensamento, São Paulo, 1988.]
2. Fritjof Capra, The Thao of Physics. Boulder: Shambhala Publications, Inc., 1975, p. 210. [O Tao da Física, Editora Cultrix, São Paulo, 1988.]
3. C. W. Leadbeater, The lnner Life, VoLlI. Wheaton: The Theosophical Press, 1942, p. 179.
4. Lama Anagarika Govinda, Foundations ofTibetan Mysticism. Nova York: Samuel Weiser, 1947, p. 148. [Fundamentos do Misticismo Tibetano, Editora Pensamento, São Paulo.]
5. Arthur W. Osborn, The Expansion of Awareness, Adyar, Madrasta, índia: The Thoosophical Publishing House, 1961, p. 65.
6. Raynor C. Johnson, The Imprisoned Spíendour, Wheaton: The Theosoprucal Publishing House, 1971, 1977, p. 262.
7. Arthur Koestler, Nature, 1965, pp. 208, 1.033.
8. Ian Stevenson, M.D., Twenty Cases Suggestive of Reincarnation, Charlottesville: University Press of Virginia, Rev. 211 edição.
9. Capra, op. cit., p. 156.
10. Heinrich Zinuner, Philosophies of India. Nova York: Meridian Books, 1956, p. 442.
11. Govinda, op. cit., p. 243.
FONTE: “A Vida Interior”, de C. W. Leadbeater, publicado no Brasil pela Editora Pensamento, em 1996.
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