sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Palestra Pública Gratuita de Teosofia em Florianópolis

Tema: A Lei da Evolução e o Plano Divino

Palestrante: Adolfo Kuhn Pfeifer, engenheiro, mestre em ergonomia, com formação em orientação profissional, é membro da Sociedade Teosófica desde 1999 e atual coordenador do GET Florianópolis. É vegetariano desde 2001.

Data: 06/10/2009 (3a. feira)

Horário: das 20:00h às 22:00h

Local: Atman Amara (www.atmanamara.com.br) - Rua José Francisco Dias Areias, 390 - Bairro Trindade - Fones (48) 3333 2311 - 99616709

Organização: Grupo de Estudos Teosóficos de Florianópolis – GET Florianópolis, vinculado à Sociedade Teosófica no Brasil.

Informações: (48) 9960 0637 (get.florianopolis@sociedadeteosofica.org.br )

Observações: Os participantes da palestra são convidados para uma segunda reunião de aprofundamento do tema.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Palestra Gratuita com Práticas de Meditação

Facilitadora: Delmam Assis, membro da Sociedade Teosófica há 19 anos, lacto-ovo-vegetariana há 18, é praticante de meditação há cerca de 15 anos, terapeuta holística, graduada em Jornalismo, pós-graduada em Psicologia Transpessoal, poetiza, taróloga autodidata, com formação em hipnose, iridologia, shiatsu e coaching de talentos.

Data: 01/09/2009 (3a. feira)

Horário: das 20:00h às 22:00h

Local: Atman Amara (www.atmanamara.com.br) - Rua José Francisco Dias Areias, 390 - Bairro Trindade - Fones (48) 3333 2311 - 99616709

Organização: Grupo de Estudos Teosóficos de Florianópolis – GET Florianópolis, vinculado à Sociedade Teosófica no Brasil.

Informações: (48) 9960 0637 (get.florianopolis@sociedadeteosofica.org.br )

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A Grande Holarquia do Ser - Ken Wilber

Como já disse, todas as grandes tradições mundiais são basicamente variações da filosofia perene, da Grande Holarquia do Ser. Em seu maravilhoso livro Forgotten Truth, Huston Smith resumiu as maiores religiões do mundo em uma sentença: “A hierarquia do ser e do conhecer.” Chõgyam Trungpa Rinpoche salientou, em Shambhala: The Sacred Path of the Warrior, que a idéia mais essencial e abrangente, que permeia todas as filosofias do Oriente, da Índia até o Tibete e a China, e que está por trás de tudo, do xintoísmo ao taoísmo, é a “hierarquia terra, ser humano, céu”, que ele também aponta como equivalente a “corpo, mente, espírito”. E Coomaraswamy afirmou que as grandes religiões do mundo, sem exceção, “em graus diferentes, representam a hierarquia de tipos ou níveis da consciência, es­tendendo-se desde o animal até a divindade, e de acordo com a qual o mesmo indivíduo pode funcionar em ocasiões diversas”.

O que nos leva ao maior paradoxo da filosofia perene. Já vimos que as tradi­ções de sabedoria participam da noção de que a realidade se manifesta em níveis ou dimensões, com cada dimensão mais elevada sendo mais inclusiva e, portanto, mais “próxima” da totalidade absoluta da Divindade, ou Espírito. Nesse sentido, o Espírito é o cume do ser, o degrau mais alto da escada da evolução. Mas também é verdade que o Espírito é a madeira da qual toda a escada e todos os degraus são feitos. O Espírito é o sujeito, o ser, a essência de tudo o que existe.

O primeiro aspecto, o aspecto superior, é a natureza transcendental do Espírito — ela sobrepassa de longe qualquer coisa “mundana”, ou criatural, ou finita. A terra inteira (ou mesmo o universo) poderia ser destruído, e o Espírito permanece­ria. O segundo aspecto, o aspecto madeira, é a natureza imanente do Espírito — o Espírito está igual e totalmente presente em todas as coisas e acontecimentos ma­nifestos, na natureza, na cultura, no céu e na terra, sem parcialidade. Deste ângu­lo, nenhum fenômeno está mais perto do Espírito do que outro, pois todos são igualmente “feitos” de Espírito. Deste modo, o Espírito é ambos, tanto a meta de todo desenvolvimento e evolução, quanto o fundamento da seqüência inteira, tão presente no início quanto no fim. O Espírito é anterior a este mundo, mas não outro em relação a este mundo.

Não levar esses paradoxos em consideração resultou, na História, em algumas visões bem distorcidas (e politicamente perigosas) do Espírito. Tradicionalmente, as religiões patriarcais tenderam a super enfatizar a natureza transcendental do Espírito, condenando assim terra, natureza, corpo e mulher a um status inferior. Antes disso, as religiões matriarcais tinham a tendência de enfatizar apenas a na­tureza imanente do Espírito, e as visões de mundo panteístas resultantes iguala­ram a Terra finita e criada ao Espírito infinito e incriado. Você é livre para se identificar com uma Terra finita e limitada; você não é livre para chamá-la de infinita e ilimitada.

Tanto a religião patriarcal quanto a matriarcal, ambas visões distorcidas do Espírito, tiveram conseqüências históricas bem terríveis, desde sacrifícios huma­nos brutais em larga escala, em homenagem à fertilidade da Deusa da terra, até a guerra total pelo Deus Pai. Mas, em meio a essas distorções exteriores, a filosofia perene (o âmago esotérico ou interior das religiões da sabedoria) sempre evitou a dualidade — Céu ou Terra, masculino ou feminino, infinito ou finito, ascético ou celebratório — e se concentrou, em vez disso, na união desses elementos, ou na sua integração (não-dualismo). E, na verdade, essa união entre Céu e Terra, mas­culino e feminino, infinito e finito, ascensão e queda, sabedoria e compaixão fica explícita nos ensinamentos “tântricos” de diversas tradições de sabedoria, desde o neoplatonismo, no Ocidente, até o vajrayana, no Oriente. E é a esse âmago não dualista das tradições de sabedoria que o termo “filosofia perene” mais se aplica.

A questão, assim, é que, se vamos tentar pensar no Espírito em termos men­tais (o que implica necessariamente algumas dificuldades), então pelo menos deveríamos nos lembrar desse paradoxo transcendente/imanente. Paradoxo é sim­plesmente a maneira como a não-dualidade aparece no nível mental. O Espírito em si não é paradoxal; estritamente falando, ele não é caracterizável, de modo algum.

Isso se aplica duplamente na hierarquia (holarquia). Afirmamos que, quando o Espírito transcendental se manifesta, ele o faz em estágios, ou níveis — a Grande Holarquia do Ser. Mas não estou querendo dizer que o Espírito em si, ou a realida­de, é hierárquico. O Espírito absoluto, ou a realidade, não é hierárquico. Ele não é de modo algum qualificável em termos mentais (em termos de hólons inferiores) — é shunyata, ou nirguna, ou apofático —, é inqualificável, sem um único traço de características específicas e limitantes. Mas manifesta-se em degraus, em cama­das, dimensões, invólucros, níveis ou graus — o termo que se preferir — e isso é holarquia. No vedanta, são os koshas, os invólucros ou camadas que cobrem Brahma; no budismo, são as oito vijnanas, os oito níveis da percepção, cada um dos quais sendo um degrau abaixo ou uma versão mais restrita da dimensão acima; na Caba­la são as sefirot, e assim por diante.

A questão toda é que esses são níveis do mundo manifesto, de maya. Quando maya não é reconhecida como um ato do Divino, ela não passa de ilusão. Hierar­quia é ilusão. Há níveis de ilusão, não de realidade. Mas de acordo com as tradições, é exatamente (e somente) compreendendo a natureza hierárquica do samsara que podemos, na verdade, sair dele, subindo por uma escada que só poderá ser descartada depois de servir a seu extraordinário propósito.

Podemos examinar agora alguns dos verdadeiros níveis ou esferas da holarquia, do Grande Ninho do Ser, como aparecem nas três maiores tradições de sabedoria: judeu-cristã-muçulmana, budismo e hinduísmo, ainda que pudéssemos usar qual­quer tradição madura.

(Não se esqueça de que esses níveis são do quadrante Superior Esquerdo, os níveis do espectro da consciência em si. Nos capítulos que seguem, veremos como esse espectro se comporta também nos outros quadrantes, o cultural, o social e o comportamental — da antropologia à filosofia, à arte e à literatura. Mas, por ago­ra, vamos nos concentrar no espectro da consciência como aparece no ser huma­no individual, o quadrante Superior Esquerdo.)

Os termos cristãos são os mais fáceis, porque a maioria de nós já os conhece: matéria, corpo, mente, alma, espírito. Matéria significa o universo físico, como aparece em nossos próprios corpos físicos (isto é, aqueles aspectos de nossa exis­tência cobertos pelas leis da física); e tudo o mais que queremos dizer com a pala­vra “matéria” significa, neste caso, a dimensão com a menor quantidade de cons­ciência (alguns diriam sem consciência; a escolha é sua). Corpo, neste caso, signi­fica o corpo emocional, o corpo “animal”, sexo, fome, energia vital e assim por diante (isto é, os aspectos da existência estudados pela biologia). Mente é a mente racional, racionalizante, lingüística e imaginativa (estudada pela psicologia). Alma é a mente mais elevada ou sutil, a mente arquetípica, a mente intuitiva, e a essên­cia ou indestrutibilidade de nosso ser (estudada pela teologia). E Espírito é o topo transcendental do nosso ser, a nossa Divindade (estudada pelo misticismo contemplativo).

De acordo com o hinduísmo vedanta, cada pessoa é composta de cinco “invó­lucros”, ou níveis, ou esferas do ser (os koshas), muitas vezes comparados com uma cebola, de modo que, à medida em que tiramos as camadas externas, encontramos cada vez mais a essência. A mais baixa (ou mais exterior) é chamada de annamaya­kosha, que significa “o invólucro feito de alimento”. Essa é a esfera física. A seguir vem a pranamayakosha, o invólucro feito de prana. Prana significa força vital, bioenergia, élan vital, libido, energia emocional-sexual em geral — a esfera do corpo emocional (termo que preferimos usar), A seguir é o manomayakosha, os invólucros de manas, ou mente — racional, abstrata, lingüística. Para além desta, está o vijnamayakosha, o invólucro da intuição, a mente superior, a mente sutil. Finalmente, temos o anandamayakosha, o invólucro feito de ananda, ou o êxtase espiritual e transcendental.

Ademais — e isto é importante — o vedanta agrupa esses quatro invólucros em três setores mais importantes: bruto, sutil e causal. O setor bruto está correlacionado com o nível mais baixo na holarquia, o corpo físico (annamayakosha). O setor sutil está correlacionado com os três níveis intermediários: o corpo emo­cional-sexual (pranamayakosha), a mente (manomayakosha) e a mente mais eleva­da ou sutil (vjnanamayakosha). E o causal está correlacionado com o nível mais ele­vado, o anandamayakosha, ou espírito arquetípico, que é considerado, algumas vezes, não-manifesto, ou sem forma. Além disso, o vedanta relaciona esses três setores maiores do ser com os três maiores estados da consciência: a vigília, o sonho e o sono profundo sem sonhos. Para além de todos esses três estados, está o Espírito absolu­to, algumas vezes chamado turiya, “o quarto’, porque está além dos três estados de manifestação (e os inclui); está além do bruto, do sutil e do causal (e assim os integra).1

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(1) O sistema Vedanta (e seu primo distante, o Vajrayana) contém um raro modelo geral das estruturas e dos estados da consciência, o que explicarei mais tecnicamente da seguinte maneira;

Os cinco invólucros são invólucros da consciência, ou mente, em seu sentido mais amplo — consciência física, consciência emocional, consciência conceptual, consciência intuitiva, consciência espiritual. E a isso que me refiro como estruturas básicas da cons­ciência, as dimensões e níveis do Lado Esquerdo (superior) da psique humana.

Mas o Vedanta percebeu que não existe corpo sem mente, nem consciência sem supor­te. Desse modo, cada mente é suportada por um corpo — o corpo grosseiro (suportando a mente inferior), o corpo sutil (sustentando as três mentes “intermediárias”), e o corpo causal (suportando a mente superior, ou não-manifesta). Esses corpos são apenas o supor­te material para o processo “consciente” — em outras palavras, eles representam as dimensões do Lado Direito da psique humana. (No Vajrayana, e no Tantra em geral, as três mentes estão suportadas por três “ventos”, ou correntes de energia, também referidas como grosseira, sutil e verdadeiramente sutil.)

Assim, podemos representar precisamente o ponto de vista do Vedanta/Vajrayana fa­lando do corpo-mente grosseiro, do corpo-mente sutil e do corpo-mente causal, cobrindo o espectro tanto no domínio do Lado Esquerdo quanto no do Lado Direito, com uma importante condição: Deus está sempre dos dois lados (isto é, esses domínios são inseparáveis, a mente grosseira sempre ocorre junto com o corpo grosseiro, a mente sutil como corpo sutil, e assim por diante).

Além disso, de acordo com o Vedanta/Vajrayana, essas estruturas básicas — os níveis do corpo-mente, grosseiro, sutil e causal, que são invólucros permanentes, ou níveis à disposição dos seres humanos — têm correlação com os estados temporários da consciên­cia (não estruturas permanentes, mas estados temporários), do seguinte modo: vivencia-se o corpo-mente grosseiro principalmente no estado de vigília, o corpo-mente sutil no estado de sonho, e o corpo-mente causal no estado de sono profundo sem sonhos (o não-manifesto). O que interessa aqui é que essas estruturas e estados não são simplesmente a mesma coisa (a falta de compreensão dessa distinção elementar tem prejudicado muitas teorias transpessoais).

Em diversos estados meditativos, os níveis superiores do corpo-mente são levados à percepção, primeiro como estados temporários, e depois, com o tempo, como estruturas permanentes. O resultado final dessa conversão de estados em características é moksha ou liberação radical — uma liberdade radical de toda manifestação, como toda manifestação. Em outras palavras, o reconhecimento radical daquele Espírito que é tanto a meta quanto o fundamento de todos os estados e de todas as estruturas (turyia, a “quarta”, depois do corpo-mente grosseiro, sutil e causal — em outras palavras, o Vazio, ou Taleza, da demonstração inteira, que não é uma mudança de estado, mas a condição sem estado de todos os estados).

Esse é um modelo extraordinário da consciência humana, o mais abrangente de todas as tradições (incorporando estruturas, estados e níveis tanto do corpo/Direito quanto da mente/Esquerdo). O que lhe falta, na minha opinião, são os detalhes de desenvolvimento (uma abordagem especializada nesse aspecto, feita pelo Ocidente moderno). Com uma sensibilidade mais ocidental de desenvolvimento, podemos adicionar uma compreensão das estruturas transitórias associadas com cada uma dessas estruturas básicas. O resultado dessa síntese seria um apanhado geral genuinamente Ocidente/Oriente, Apresento um modelo assim do capítulo 6 ao 10, e debato a razão por que essas adições são necessárias para preencher o modelo Vedanta/Vajrayana.

Finalmente, o que falta no modelo Vedanta/Vajrayana — na verdade, o que está em geral faltando na filosofia perene — é uma compreensão de como o Inferior Esquerdo (cultural) e o Inferior Direito (social) influenciam de um modo profundo, e muitas vezes governam, a consciência e o comportamento individuais que eles, de outro modo, com­preendem tão bem. A Grande Corrente, por exemplo, parece diferente — está diferente — nos mundos mítico, mágico e mental. Isso é mais uma maneira de dizer que os estudos integrais devem ser não apenas “todos os níveis”, mas “todos os níveis, todos os quadrantes”. Os estudos de Gebser (I.E) e Marx (I.D.), por exemplo, não fazem sentido nenhum para um teórico da Grande Corrente, e, na verdade, nem têm lugar na visão tradicional, uma visão que, apenas nisso, é bastante inadequada.

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A versão vedanta dos cinco invólucros, por sua vez, é quase idêntica à versão judeu-cristã-muçulmana de matéria, corpo, mente, alma e espírito, desde que en­tendamos “alma” não apenas como um eu mais elevado, ou uma identidade mais elevada, mas como uma mente e uma cognição mais elevadas e mais sutis. E alma também significa, em todas as tradições místicas superiores, um “nó”, ou “contra­ção” (o que os hindus e budistas chamam de ahamkara), que precisa ser desatado e dissolvido antes que a alma possa transcender a si mesma, morrer para si mesma, e assim encontrar uma identidade suprema com, e como, o Espírito absoluto (como disse Cristo: “Quem não odeia a própria vida não pode ser meu discípulo.”).

“Alma”, então, é tanto o nível mais elevado que podemos atingir no cresci­mento individual quanto a barreira final, o nó final, para completar a iluminação ou suprema identidade, pela simples razão de que, como observador transcendental, fica fora de tudo o que observa. Uma vez que atingimos a posição de observador, a própria alma ou observador se dissolve, e permanece apenas o ato de percepção não-dualista, percepção que não olha para os objetos, mas é completamente una com todos os objetos (o zen diz: “É como provar o céu.”). A brecha entre sujeito e objeto vem abaixo, e a alma transcende a si mesma ou se dissolve, e surge a pura percepção não-dualista ou espiritual — que é bem simples, bem óbvia, bem clara. Você se dá conta de que seu ser intrínseco é vasto e aberto, vazio e claro, e que tudo o que surge em qualquer lugar surge dentro de você, como espírito intrínseco, espontaneamente.

O modelo psicológico central do budismo mahayana são as oito vijnanas, os oito níveis da consciência. Os primeiros cinco são os cinco sentidos. O próximo é o manovijnana, a mente que opera na experiência sensorial. Depois vem o manas, que significa tanto a mente mais elevada quanto o centro da ilusão do eu separa­do. E o manas que olha para o alayavijnana e o confunde com um eu separado, ou alma substancial, segundo a nossa definição. E, além desses oito níveis, tanto como fonte quanto como fundamento, está a pura alaya, ou puro Espírito vazio.

Não estou querendo minimizar algumas das diferenças bastante reais entre essas tradições. Estou apenas salientando que elas compartilham algumas seme­lhanças estruturais profundas, que atestam, cora eloqüência, a natureza genuina­mente universal de muitas de suas percepções.

E assim podemos ter um final feliz: depois de ter descarrilhado temporariamen­te, durante o século XIX, devido a diversos reducionismos materialistas (do materialismo científico ao behaviorismo e ao positivismo), a Grande Corrente do Ser, a Grande Holarquia do Ser, está fazendo uma reestréia extraordinária. Aquele descarrilamento temporário — tentativa de reduzir a holarquia do ser ao seu nível mais baixo, a matéria — foi particularmente irritante na psicologia, que primeiro perdeu o espírito, depois perdeu a alma, depois a mente, e ficou reduzida apenas ao estudo do comportamento empírico, ou dos impulsos corporais, uma restrição que, em qualquer outra época ou lugar, seria uma definição precisa de insanidade.

Mas agora a holarquia evolutiva — o estudo holístico do desenvolvimento e da auto-organização de campos dentro de campos dentro de campos — é, mais uma vez, um tema dominante em muitas disciplinas científicas e comportamentais (como veremos), ainda que seja chamada por muitos nomes (a “enteléquia” de Aristóteles, para dar pelo menos um exemplo, é agora conhecida como “campos morfogenéticos” e “sistemas auto-organizados”). Isso não quer dizer que as ver­sões modernas da Grande Holarquia não ofereçam novas idéias, porque elas ofere­cem, particularmente quando se trata do desenvolvimento evolutivo da própria Grande Corrente. Cada vislumbre da Grande Holarquia é adequado; cada vislum­bre que avance um passo à frente é mais adequado...

Mas os aspectos essenciais são inequívocos. Ludwig von Bertalanffy, o funda­dor da Teoria Geral de Sistemas, resumiu perfeitamente: “A realidade, na concep­ção moderna, aparece como uma tremenda ordem hierárquica de entidades orga­nizadas, levando, numa superposição de muitos níveis, do sistema físico e químico ao sistema biológico e sociológico. Essa estrutura e combinação hierárquica em sistemas de ordens cada vez mais elevadas é característica da realidade como um todo, e de importância fundamental, especialmente na biologia, na psicologia e na sociologia.”

Assim, por exemplo, na psicologia moderna, a holarquia é o paradigma estrutural e de processo dominante, atravessando o verdadeiro (e muitas vezes bem dife­rente) conteúdo das diversas escolas. Cada escola de psicologia do desenvolvi­mento reconhece alguma versão de hierarquia, ou uma série de discretos (mas contínuos) estágios irreversíveis de crescimento e desenvolvimento. Isso inclui os freudianos, os junguianos, os piagetianos, Lawrence Kohlberg, Carol Gilligan, e o behaviorismo cognitivo. Maslow, representando tanto a psicologia humanista quan­to a transpessoal, colocou a “hierarquia das necessidades” no centro do seu siste­ma — só para mencionar alguns.

De Rupert Sheldrake e da sua “hierarquia de campos morfogenéticos aninha­dos” à “hierarquia das qualidades emergentes”, de Karl Popper, e ao “modelo eco­lógico da realidade”, de Birch e Cobb, baseado no “valor hierárquico”; do trabalho que preparou as bases dos sistemas auto-poiéticos, de Francisco Varela (“parece ser uma reflexão geral das riquezas dos sistemas naturais produzir uma hierarquia de níveis”), à pesquisa do cérebro de Roger Sperry, de sir John Eccles e de Wilder Penfield (“uma hierarquia de emergentes não-redutíveis”) e à teoria da crítica social de Jürgen Habermas (“uma hierarquia de capacidade comunicativa”) — a Grande Corrente está de volta.

E a única razão pela qual ninguém percebe isso é porque ela se esconde sob diversos nomes diferentes.

Mas não importa; percebida ou não, ela já está a caminho. E a melhor coisa a respeito desse retorno é que agora a teoria moderna pode fazer uma religação com suas ricas raízes da filosofia perene, não apenas com Platão, Aristóteles, Plotino, Maimônides, Hegel e Teresa no Ocidente, mas também com Shankara, Padmasam­bhava, Chih-i, Fa-tsang, Abinavagupta e lady Tsogyal, no Oriente — tudo isso tornando-se possível devido ao fato de que muitos aspectos da filosofia perene realmente parecem perenes — ou essencialmente universais, onde quer que apa­reçam — cruzando assim tanto épocas quanto culturas, apontando direto ao cora­ção, à alma e ao espírito da família humana (na verdade, todos os seres sencientes como tal).

Na realidade, só há uma coisa a fazer, um item fundamental na agenda do retorno. Ainda que seja verdade que a holarquia evolutiva, como mencionei, é um dos paradigmas unificantes do pensamento moderno, da física à biologia, à psico­logia e à sociologia (ver, por exemplo, Laszlo, Jantsch, Habermas, Lenski, Dennett), mesmo assim, a maioria das escolas ortodoxas de inquirição admite apenas a existência da matéria, do corpo e da mente.2 As dimensões mais elevadas da alma e do espírito ainda não atingiram essa posição. Pode-se dizer que o Ocidente moderno só reconhece três quintos da Grande Holarquia do Ser. A ordem do dia, então, é reintroduzir os outros dois quintos (a alma e o espírito).

Uma vez que reconheçamos e respeitemos todos os níveis e dimensões da Grande Corrente, reconheceremos, simultaneamente, todas as modalidades corresponden­tes de conhecimento — não apenas o olho da carne, que desvenda o mundo físico e sensorial, nem só o olho da mente, que desvenda o mundo lingüístico e simbóli­co, mas também o olho da contemplação, que desvenda a alma e o espírito. (Retornaremos a esse importante tópico no Capítulo 3.)

A ordem do dia, então, é a seguinte: vamos dar o último passo, e reintroduzir o olho da contemplação, que, como método científico e repetível, desvenda alma e espírito. E essa visão integral é, eu afirmo, o retomo final, o reentrelaçamento de nossa alma moderna com a alma da própria humanidade — o verdadeiro significa­do do multiculturalismo — de modo que, levantados em ombros de gigantes, pos­samos transcender mas incluir, o que sempre significa respeitar, sua presença re­corrente. Assim, a unificação da sabedoria antiga com o conhecimento moderno é o toque da trombeta da visão integral, um farol no deserto pós-moderno.

FONTE: Excerto do Capítulo I (O Espectro da Consciência) do livro “O Olho do Espírito”, de Ken Wilber, filósofo norte-americano criador da Filosofia Integral, publicado no Brasil pela Editora Cultrix, em 2001. Neste livro, o autor busca através de uma abordagem integrativa tecer os vários fragmentos do conhecimento humano numa coerente e inspiradora visão de mundo .

Uma Introdução à Visão de Mundo de Leadbeater - Shirley Nicholson

No clima atual de interesse pelo Ocultismo, nova onda de atenção está sendo dirigida a investigadores clarividentes, como C. W. Leadbeater. Esses videntes bem dotados oferecem uma visão ampliada do homem e do universo que abrange áreas inteiras incognoscíveis, quando tomadas através de meios físicos de investigação. As perspectivas que expõem podem fornecer pistas para a compreensão de fenômenos de interesse atual, aliás inexplicáveis, como eventos parapsicológicos, prognosticação, cura, etc.

Quanto à autenticidade das faculdades clarividentes, o próprio Leadbeater percebeu, já em sua época, que "existe uma massa avassaladora de provas irrefutáveis da existência dessa faculdade". As provas do século XX são mais convincentes ainda.

Parapsicólogos coligem e acompanham casos espontâneos, assim como a conduta controlada por estudos de laboratório. Médicos consultam médiuns em casos difíceis de diagnosticar. Até a polícia se fia, por vezes, de médiuns para solucionar crimes intricados. Mas a prova mais convincente vem da estreita correspondência entre as narrativas relacionadas com mundos invisíveis, fornecidas por médiuns e clarividentes tanto nos tempos antigos quanto nos modernos. Dir-se-á que eles respondem à mesma realidade supersensorial, se bem que, necessariamente, com sua interpretação individual. Como diz Leadbeater:

“o clarividente é simplesmente um homem que desenvolve, dentro de si mesmo, o poder de responder em outra oitava fora da escala estupenda de vibrações possíveis, e assim permite a si mesmo ver mais do mundo que o cerca do que os de percepção mais limitada.”(1)

As palestras que compõem este livro, A VIDA INTERIOR, foram proferidas para estudantes de Leadbeater e Annie Besant, sua íntima colaboradora, e clarividente como ele. Leadbeater presumia que o seu público estivesse inteiramente familiarizado com a sua visão ampliada do mundo. Na presente edição parece-nos necessário esboçar algumas das principais características dessa visão, a fim de tornar o livro mais compreensível.

A visão ampliada do mundo não surgiu com Leadbeater, embora tenha preenchido muitos pormenores deixados anteriormente em branco. O seu esquema ajusta-se a uma tradição venerável, que acompanha a humanidade desde tempos pré-históricos.

A História mostra um núcleo de verdade que transparece através dos séculos, às vezes ensinada abertamente, dominando uma cultura, como na Grécia antiga, outras vezes ensinada às ocultas e somente aos que a procuravam. Os princípios receberam denominações diferentes e vários aspectos foram enfatizados em épocas diversas, mas o que neles havia de fundamental permaneceu inalterado pelos séculos afora. O núcleo de compreensão é variadamente conhecido hoje como sabedoria antiga, filosofia oculta, tradição esotérica, teosofia. Chama-se "oculta" porque versa o que está escondido, o que não é óbvio. Versa os processos e leis da natureza, o que se situa atrás e além da ciência, e supõe o estudo dos princípios metafísicos que sustentam o universo.

Podem encontrar-se traços dessa filosofia em várias fontes, como a Grécia antiga, Platão, Pitágoras, a Cabala, Zohar, o Gnosticismo Cristão, Lao- Tsé, as tradições hindu e budista, o Sufismo, para mencionarmos apenas algumas. O fio de verdade que corre através desses ensinamentos foi identificado por H. P. Blavatsky em sua obra notável sobre filosofia oculta, A Doutrina Secreta. Leadbeater conduziu suas investigações no contexto da visão do mundo antigo, tal como foi desenvolvida nos mesmos ensinamentos desta.

Esta filosofia repousa sobre a premissa de que existe um princípio de substância imutável, homogênea, divina, do qual nasce o mundo. O mundo físico visível emerge, gradativamente, da sua fonte divina não-material. Essa idéia é altamente plausível no cenário da física moderna. A teoria da Relatividade de Einstein concebe o tempo e o espaço não como dados distintos e separados, mas como dados inseparáveis e interdependentes. A física nuclear - a ciência das partículas subatômicas - estriba-se na noção de campos elétricos e magnéticos inteiramente não-materiais. Falando de campos de quantum, ou campos que podem assumir a forma de quanta ou partículas, Fritjof Capra diz em O Tao da Física:

“O campo de quantum é visto como a entidade física fundamental; um meio contínuo presente em toda a parte do espaço. As partículas são simples condensações locais do campo; concentrações de energia que vão e vêm, perdendo, por essa razão, o caráter individual e dissolvendo-se no campo subjacente.” (2)

Esses campos e essa matéria não-materiais são vistos como uma coisa só; o material emerge das suas origens não-materiais e nelas desaparece.

De acordo, porém, com a filosofia oculta, o mundo físico é apenas uma pequena parte do espectro total da matéria. É o mais denso, o mais concreto de uma série de mundos que vão do "superfísico", extremamente tênue, ao físico sólido. Esta idéia encontra-se nos mistérios egípcios antigos, no Hinduísmo e no Budismo, e tem paralelos na noção grega dos Elementos. Muitos clarividentes como Leadbeater, sensíveis a uma série enorme de estímulos, têm dado importante testemunho corroborativo da existência desses mundos mais finos.

A idéia não é tão forçada numa época em que nossos aparelhos de televisão e nossos rádios, por exemplo, dão constante testemunho da existência de ondas supersensoriais que se precipitam à nossa volta. Instrumentos têm revelado a luz invisível, como a ultravioleta, sons inaudíveis além do alcance do ouvido humano, raios X, raios cósmicos, microondas e muito mais. Sabemos que o espaço à nossa volta está carregado de uma variedade de energias que não podemos detectar com os sentidos.

Sustenta a filosofia oculta que existem diversos níveis de material supersensório, estruturados de maneira significativa, ordenadamente. De acordo com o modo com que Leadbeater apresenta esse conceito, o mundo físico familiar tríplice de sólidos, líquidos e gasosos estende-se para quatro estados mais raros de matéria, coletivamente denominados plano ou nível etérico. Essa matéria sutil interpenetra os objetos físicos, incluindo os corpos de coisas vivas, nos quais o seu papel está estreitamente ligado à vitalidade e à saúde.

Interpenetrando os mundos físico e etérico, há uma esfera radiante, sempre em

movimento, denominada plano ou mundo astral. Escrevendo na primeira década do século XX, diz Leadbeater:

“... em algumas experiências, os nossos homens de ciência hão de estar, na realidade, desintegrando a matéria física, e atirando-a de volta ao plano astral; tudo indica que, nesse caso, eles devem sentir-se, neste momento, forçados a admitir a existência da matéria astral, embora, naturalmente, não pensem nela senão como nova subdivisão da matéria física.” (3)

Os átomos, hoje, são subdivididos de maneira que ninguém sonhava no tempo de Leadbeater. O pronunciamento dele dá a entender que talvez as numerosas partículas, de vida curta, que aparecem nas câmaras de nuvem da física moderna emergem do plano astral.

O homem tem uma aura ou campo de energia no nível astral (a que Leadbeater

chamou corpo astral) que veicula a emoção e os desejos. Assim como a vida – ou energia vital - caracteriza o etérico, da mesma forma o sentimento ou emoção é o fenômeno de campo que ocorre no nível astral. O astral interpenetra o corpo físico e interage com ele por meio do etérico, ou vital, de sorte que as emoções e o corpo trabalham em íntima conexão. O nível mais fino seguinte, o da mente concreta, também está estreitamente ligado ao nível astral, tanto na aura da pessoa como no plano da natureza que lhe é característico, denominado plano mental inferior ou manásico.

Os centros turbilhonantes de energia chamados chacras, existentes em todos os níveis, ajudam a integrar as forças desses planos. Os chacras são centros de consciência, assim como focos de energia, e, dessa maneira, se acham também ligados ao despertar espiritual.

Os níveis superiores do plano mental estão associados ao pensamento filosófico abstrato, mais profundo. Leadbeater refere-se a ele chamando-lhe nível mental superior ou manásico. Além dele existe um nível cognominado búdico em muitos escritos teosóficos, os reinos da introvisão intuitiva, o mais tênue dos quais é a fonte do próprio sentimento do eu no homem, a essência espiritual humana em sua personificação mais pura.

Cada um desses níveis existe como um estado único de matéria rarefeita em toda a natureza, bem como em veículos individuais do homem, organizados com a matéria daquele plano. Leadbeater chama à matéria dos planos astral e mental "essência elemental". De acordo com a sua exposição cada um dos planos se subdivide em sete subplanos, que vão desde o mais sutil até o mais denso. Tais níveis de existência estão documentados na filosofia hindu e no Budismo, onde os veículos do homem em níveis diferentes se denominam koshas, ou invólucros. O Lama Anagarika Govinda, autoridade contemporânea em Budismo tibetano, dá relevo à interpenetração dos diferentes planos.

Esses invólucros, portanto, não são camadas separadas, as quais, uma depois da outra, se cristalizam em torno de um núcleo sólido, senão formas de energia que se penetram mutuamente, desde a mais fina consciência luminosa, "onirradiante", onipenetrante, até a forma mais densa de "consciência materializada", que aparece diante de nós como o nosso corpo físico, visível. Os invólucros correspondentes mais finos ou sutis penetram e, desse modo, contêm os mais grosseiros.(4)

Cada nível tem sua característica única e, como as notas de um acorde, são todas necessárias à expressão plena. Arthur Osborn em The Expansion of Awareness qualifica os planos de:

“... outros modos de energia, organizados em esferas vibratórias a fim de permitir à consciência que funcione de maneiras definidas e limitadas.” (5)

Entretanto, por trás dos diversos modos e veículos, o homem permanece um ser unitário, singular. Consoante Rayno Johnson:

“Visto assim nos contornos mais amplos, podemos ver no homem uma síntese de princípios ou veículos de significação cada vez maior e de poderes mais e mais amplos, à proporção que nos acercamos da sua essência, idêntica à realidade final.” (6)

Segundo o Ocultismo, o ser interior do homem tem três aspectos, análogos à divisão em espírito, alma e corpo, feita pelo apóstolo Paulo. Essencialmente, o homem é um ponto de consciência no solo divino do qual emerge. Essa Realidade Una permanece para sempre uma unidade indivisa. Não obstante, dela emanam raios que criam o atma imortal e indestrutível, como é cognominado em sânscrito. Destinado a envolver-se com a matéria cada vez mais densa, esse raio logra uma qualidade definida nos mundos de expressão material e, envolto numa película de matéria mais rara, converte-se na mônada. Envolvendo-se, em seguida, em material proveniente do reino mental, transforma-se no que Leadbeater denomina o Ego. O seu uso da palavra difere de todo e qualquer emprego moderno. Ele quer dizer Atma-Budi-Manas, a tríade espiritual ou alma do homem, com uma localização estável no plano mental superior. Essa é a entidade reencarnante que ostenta seus poderes gerando personalidades, sem cessar, nas várias culturas do homem.

De acordo com a filosofia oculta, toda a natureza - incluindo o homem ­ evolve de acordo com um plano grandioso. Os antigos gregos sustentavam a idéia da teleologia, fim intencionado que controla o curso dos acontecimentos. Até há pouco tempo essa noção era posta de lado, em virtude, principalmente, das interpretações da teoria de Darwin da variação casual e da sobrevivência do mais apto. Hoje em dia, porém, muitos biólogos estão achando a teoria inadequada para explicar a evolução, que não conseguem conciliar com o acaso cego. Sir Alister Hardy e L. L. Whyte, entre outros, sugerem que fatores no interior do organismo - e a própria vida - desempenham papel importante no conduzir a evolução. A direção no sentido de um alvo e a tensão feita são óbvias em todo o universo da vida. De acordo com Arthur Koestler:

“A parte desempenhada pelo acaso feliz reduz-se à de um gatilho que dispara a ação coordenada de um sistema; e sustentar que a evolução é produto do acaso cego significa confundir a ação simples do gatilho, governado pelas leis da estatística, com o complexo propósito intencional que o acionou.

Qualquer processo diretivo... supõe uma referência ao futuro. A finalidade igual do processo de desenvolvimento, a luta da blástula para crescer e transformar-se em embrião, sem tomar em consideração os obstáculos e azares a que está exposta, podem conduzir o observador sem preconceitos à conclusão de que a atração do futuro é tão real quanto a pressão do passado e, às vezes, mais importante do que esta.” (7)

E. Lester Smith e outros sugeriram que uma espécie de matriz ou campo de força não-material dirige o crescimento, o desenvolvimento e a evolução. Teilhard de Chardin, o jesuíta paleontologista, apresentou argumentos convincentes, segundo os quais o propósito da evolução é dar destaque à consciência expressando-a em formas cada vez mais requintadas, o que está de acordo com a filosofia oculta.

Nos tempos modernos, as mudanças evolutivas do corpo do homem são insignificantes.

Julian Huxley foi o primeiro a sugerir que o impulso evolutivo não é físico, mas psicossocial. O homem é o agente primário da evolução à medida que transmite suas realizações e sua cultura por intermédio da linguagem. Consoante a tradição oculta, a capacidade do homem de exprimir suas potencialidades mais altas, que residem em níveis espirituais mais sutis, mais espirituais, ainda está evoluindo.

Esse desdobrar-se é proceder de acordo com um esquema de evolução a longo

prazo, esboçado por Madame Blavatsky. O Homem está destinado a evolver através de sete grandes fases, denominadas raças-raízes, expressão que não coincide com a acepção atual da palavra raça. No sentido oculto, raça é mais uma qualidade de consciência do que um tipo físico. Até o momento presente, apareceram as primeiras cinco fases de consciência, ou "raças-raízes". O plano de sete raças-raízes repete-se sete vezes em grandes círculos chamados rondas, alguns dos quais ocorreram no passado distante em planos superfísicos. Estamos agora na quarta ronda. Conforme o ponto de vista do Ocultismo, a humanidade é muito mais velha do que dão a entender os dados antropológicos.

A humanidade, como um todo, está na quinta raça-raiz, que começou a desenvolver-se em tempos pré-históricos na Índia, de acordo com Madame Blavatsky. Cada raça-raiz põe em relevo uma qualidade particular associada a um dos corpos do homem.

A quinta raça-raiz enfatiza o desenvolvimento da mente racional, concreta. As

raças-raízes subdividem-se em sub-raças, cada qual com sua própria ênfase secundária da qualidade. Atualmente, a quinta sub-raça domina na América e na Europa ocidental, provocando uma ênfase na mente racional. Daí o desenvolvimento fenomenal da ciência e da tecnologia no Ocidente. A sexta sub-raça, que agora começa a desenvolver-se, trará a intuição e a introvisão unitiva. Prenúncios disto encontram-se em alguns pensadores mais eminentes.

É impossível identificar a sub-raça a que pertencem indivíduos de determinado grupo étnico. Como assinalam antropologistas, as diferenças no interior do grupo são, muitas vezes, maiores do que as diferenças entre os grupos. As qualidades de cada raça e de cada sub-raça são necessárias e de igual valor, de modo que não podemos dizer que os tipos anteriores sejam "inferiores" aos subseqüentes. A visão ocultista da evolução não se baseia tão-só na progressão linear, senão na expansão da consciência em profundidade, em que poderes latentes são atualizados e trazidos ao controle consciente pelo indivíduo.

A filosofia ocultista sustenta que o homem ou a mulher, como ego ou alma, reencarna muitas vezes em cada uma das raças, desenvolvendo as várias qualidades que elas proporcionam. A reencarnação, idéia antiga das filosofias orientais, é hoje adotada por mais de metade da população do mundo. (No Ocidente, até membros da comunidade científica estão começando a interessar-se por ela. Recentemente, o dr. Ian Stevenson documentou casos que só parecem explicáveis através do conceito da reencarnação.)(8) Sustenta a filosofia ocultista que o sentido essencial de uma existência é assimilado pela alma e nela se incorpora entre as encarnações.

As tradições orientais ensinam que efeitos dos acontecimentos e das ações de

uma vida podem ser transferidos para outras vidas. Assevera o Ocultismo que o universo é uma teia inseparável de interconexões dinâmicas. Corroboram essa maneira de ver a física moderna e os estudos de ecologia. De acordo com o Budismo e o Hínduísmo, o equilíbrio dinâmico da vida é mantido pela lei do carma, que significa ação. Capra define o carma como:

“... o princípio ativo do jogo, o universo total em ação, onde tudo está dinamicamente ligado a tudo o mais. Segundo o Gita, "o Carma é a força da criação, da qual todas as coisas recebem sua vida", (9)

O equilíbrio produzido pelo carma resulta em ordem e legitimidade que se estendem ao reino moral e à atividade humana. A expressão bíblica, "Como semeardes, assim colhereis", capta a essência dessa lei em ação. O resultado de nossos atos torna-se manifesto, não somente nos eventos e circunstâncias de nossas vidas, mas também no nosso caráter. Falando sobre os ensinamentos do Vedanta, diz Zimmer:

“... o fruto portador do carma são os incidentes e elementos da nossa atual biografia, bem como os traços e disposições da personalidade que os produz e suporta.” (10)

O Lama Govinda comenta o mecanismo que aqui funciona:

“o caráter nada mais é que a tendência da nossa vontade, formada por ações repetidas. Cada ato deixa um traço, um caminho feito pelo processo de caminhar, e onde quer que exista um caminho assim palmilhado, ali constatamos, quando se apresenta uma situação semelhante, que tomamos esse caminho espontaneamente. Essa é a lei da ação e da reação, a que damos o nome de carma, a lei do movimento na direção da menor resistência ... É o que comumente conhecemos como "força do hábito". Quando saímos de uma e entramos em outra vida, a consciência assim formada constitui o núcleo ou germe da nova personificação.” (11)

Na terminologia de Leadbeater, esse núcleo consiste em "átomos permanentes", que passam de uma encarnação a outra. Um átomo de matéria de cada um dos planos inferiores liga-se à mônada para servir de repositório de experiência naquele plano, através de todas as séries da encarnação do indivíduo. A noção budista dos skandhas é semelhante a essa idéia.

Vê-se, dessa forma, que o próprio homem é o autor do seu destino, parte do qual escreveu num passado distante. Mas o resultado das suas ações são menos recompensas e punições do que experiências educativas para o seu crescimento. Além disso, o carna não supõe uma predestinação fixa. Novas atitudes e maneiras de responder a circunstâncias servem de novas causas capazes de alterar (mas não obliterar) o resultado de ações anteriores. À proporção que o homem assume maior controle de si mesmo, exerce maior influência consciente sobre o curso de sua vida.

Todas as religiões ensinam um modo de acelerar o desenvolvimento espiritual.

Práticas espirituais, como a ioga, a meditação, a oração, os mantras, destinam-se a despertar poderes latentes. Neste livro, Leadbeater refere-se a muitos aspectos da vida interior associados ao crescimento espiritual. As palestras nele enfeixadas eram dirigidas a estudantes no caminho do desenvolvimento espiritual que buscavam desenvolver-se a fim de poder prestar maiores serviços.

Leadbeater alude freqüentemente a adeptos, Mestres e outros seres altamente evoluídos.

A existência de tais seres é uma conseqüência natural da lei da evolução da vida consciente. No Oriente, a existência de pessoas espiritualmente maduras é tida como líquida e certa; nessa suposição se baseia a tradição guru-discípulo. O Ocidente também reconheceu iniciados e adeptos, sobretudo no antigo Egito e no tempo das escolas gregas de mistério. Não só o Ocultismo mas também a filosofia oriental amontoaram umas sobre as outras categorias de seres evoluídos numa hierarquia sem fim.

Alguns são conhecidos como grandes homens da História, ao passo que a maioria trabalha em silêncio e no isolamento. Vários tipos de seres avançados são mencionados como adeptos, chohans, Dhyan Chohans, devas e assim por diante. Embora sejam seres individuais distintos, todos inerem a uma vida universal divina, e são só seus centros. Leadbeater enfatiza, em particular, um ser que está muito além do nível da humanidade, a quem chama de Logos Solar. No seu entender, a vida dos seres divinos penetra, sustenta e dirige todo o sistema solar.

O Sr. Leadbeater, homem da maior integridade, usava a sua visão com tanta objetividade e cuidado quanto possível. A maior parte das suas investigações foram corroboradas por outros clarividentes que trabalhavam com ele. Sem embargo disso, algumas colorações culturais e modelos vitorianos de pensamento do seu tempo insinuaram-se necessariamente nas suas interpretações. Mas quaisquer distorções ligeiras ou expressões obsoletas são mais que superadas pela grandeza da sua visão e pelas suas fascinantes observações sobre os reinos ocultos da natureza.

Shirley Nicholson

6 de novembro de 1977

Notas e Referências:

1. C. W. Leadbeater, Man Visible and Invisible. Adyar, Madrasta, índia: The Thoosoprucal Publishing House, 1942, p. 26. [O Homem Visível e Invisível, Editora Pensamento, São Paulo, 1988.]

2. Fritjof Capra, The Thao of Physics. Boulder: Shambhala Publications, Inc., 1975, p. 210. [O Tao da Física, Editora Cultrix, São Paulo, 1988.]

3. C. W. Leadbeater, The lnner Life, VoLlI. Wheaton: The Theosophical Press, 1942, p. 179.

4. Lama Anagarika Govinda, Foundations ofTibetan Mysticism. Nova York: Samuel Weiser, 1947, p. 148. [Fundamentos do Misticismo Tibetano, Editora Pensamento, São Paulo.]

5. Arthur W. Osborn, The Expansion of Awareness, Adyar, Madrasta, índia: The Thoosophical Publishing House, 1961, p. 65.

6. Raynor C. Johnson, The Imprisoned Spíendour, Wheaton: The Theosoprucal Publishing House, 1971, 1977, p. 262.

7. Arthur Koestler, Nature, 1965, pp. 208, 1.033.

8. Ian Stevenson, M.D., Twenty Cases Suggestive of Reincarnation, Charlottesville: University Press of Virginia, Rev. 211 edição.

9. Capra, op. cit., p. 156.

10. Heinrich Zinuner, Philosophies of India. Nova York: Meridian Books, 1956, p. 442.

11. Govinda, op. cit., p. 243.


FONTE: “A Vida Interior”, de C. W. Leadbeater, publicado no Brasil pela Editora Pensamento, em 1996.

sábado, 1 de agosto de 2009

Palestra Pública Gratuita de Teosofia em Florianópolis

Tema: Os Veículos de Manifestação da Consciência

Palestrante: Adolfo Kuhn Pfeifer, engenheiro, mestre em ergonomia, com formação em orientação profissional, é membro da Sociedade Teosófica desde 1999 e atual coordenador do GET Florianópolis. É vegetariano desde 2001.

Data: 04/08/2009 (3a. feira)

Horário: das 20:00h às 22:00h

Local: Atman Amara (www.atmanamara.com.br) - Rua José Francisco Dias Areias, 390 - Bairro Trindade - Fones (48) 3333 2311 - 99616709

Organização: Grupo de Estudos Teosóficos de Florianópolis – GET Florianópolis, vinculado à Sociedade Teosófica no Brasil.

Informações: (48) 9960 0637 (get.florianopolis@sociedadeteosofica.org.br )

Observações: Os participantes da palestra são convidados para uma segunda reunião de aprofundamento do tema.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Palestra Pública em Florianópolis - Contribuições da Teosofia para o Século XXI

Tema: Contribuições da Teosofia para o Século XXI

Palestrante: Marcos Luís Borges de Resende, Presidente Nacional da Sociedade Teosófica no Brasil, membro desde 1968, conferencista internacional, mestre em Direito e Estado, juiz do Tribunal Regional Eleitoral do DF, conselheiro da OAB/DF, professor universitário, fundador do Instituto Krishnamurti, diretor da União Planetária – UP e vegetariano (terceira geração da família).

Dia: 03 de Julho (6ª feira)

Horário: das 19:30h às 20:30h

Local: Atman Amara – Centro de Metafísica (www.atmanamara.com.br)
Rua José Francisco Dias Areias, 390 – Fone: (48) 3333 2311
Bairro Trindade

Informações: Adolfo – fone: (48) 9960 0637 e

sexta-feira, 5 de junho de 2009

A Lei Una Fundamental - Helena P. Blavatasky

"A unidade radical da essência última de cada parte constitutiva dos elementos compostos da Natureza, desde a estrela ao átomo mineral, desde o mais elevado Dhyãn Chohan ao mais humilde dos infusórios, na completa acepção da palavra, quer se aplique ao mundo espiritual, intelectual ou físico - esta é a lei una fundamental na Ciência Oculta. " (Doutrina Secreta)

Quatro Idéias Básicas

Não importa o que se estude na Doutrina Secreta (DS), a mente deve manter com firmeza as seguintes idéias como base de sua ideação:

(a) A UNIDADE FUNDAMENTAL DE TODA A EXISTÊNCIA. Essa unidade é algo completamente diferente da noção comum de unidade - como quando dizemos que uma nação ou um exército está unido, ou que este planeta está unido a outro por linhas de força magnética, ou algo semelhante. O ensinamento não é esse, e sim o de que a existência é UMA COISA, não uma coleção de coisas colocadas juntas. É o SER TOTAL. É indivisível, pois de outro modo não seria absoluto. Se fosse possível separar-lhe uma parte, o restante não poderia ser absoluto, pois surgiria imediatamente a questão da COMPARAÇÃO entre ele e a parte separada, e a Comparação é incompatível com a idéia de absoluto. Conseqüentemente, é evidente que essa EXISTÊNCIA ÚNICA, ou Ser Absoluto deve ser a Realidade existente em cada forma que existe.

Átomo, o Homem, o Deus são, separadamente ou em conjunto, o Ser Absoluto em última análise; e isto é a sua INDIVIDUALIDADE REAL. Este é o conceito que se deve manter sempre no fundo da mente para servir de base para toda concepção que surgir do estudo da DS. No momento em que esquecemos disso (o que é fácil acontecer quando estamos envolvidos com um dos muitos aspectos intrincados da Filosofia Esotérica) sobrevém a idéia da SEPARAÇÃO e o estudo perde seu valor.

(b) A segunda idéia a manter com firmeza é a de que NÃO EXISTE MATÉRIA MORTA. O mais ínfimo átomo está vivo. E não poderia ser de outra forma, pois cada átomo é fundamentalmente por si mesmo o Ser Absoluto. Por isso não existe coisa tal como "espaços" de Éter ou Akasha, ou chame como quiser (...) O verdadeiro conceito é o de que cada átomo de substância, não importa de que plano, é ele mesmo uma VIDA.

c) A terceira idéia a manter é de que o Homem é o MICROCOSMO. Assim sendo, todas as Hierarquias dos Céus existem nele. Mas em verdade não existe nem Macrocosmo, nem Microcosmo, mas UMA EXISTÊNCIA. O grande e o pequeno só existem como tais quando vistos por uma consciência limitada.

d) A quarta e última idéia é aquela expressa no Grande Axioma Hermético, que na verdade resume e sintetiza todas as outras:

Como o Interno assim é o Externo, como o Grande assim é o Pequeno; como é acima, assim é abaixo; só existe UMA VIDA E UMA LEI e o que atua é o ÚNICO. Nada é Interno, nada é Externo; nada é GRANDE, nada é Pequeno; nada é Alto, nada é baixo na Economia Divina.

Deve-se buscar relacionar com essas idéias básicas qualquer coisa que se estude na DS.

TRÊS PROPOSIÇÕES FUNDAMENTAIS

I. Um Princípio Onipresente, Eterno, Sem Limites e Imutável, sobre a qual toda a especulação é impossível, porque transcende o poder da concepção humana, e porque somente o diminuiria qualquer expressão ou comparação humana. Está fora dos limites e do alcance do pensamento, e segundo as palavras do Mandukya, é “impensável e impronunciável”.

Para que os leitores percebam mais claramente estas idéias, devem começar com o postulado de que há Uma Realidade absoluta anterior a todo Ser manifestado e condicionado. Esta Causa Infinita e Eterna, obscuramente formulada no “Inconsciente” e no “incognoscível” da filosofia européia corrente, é a Raiz sem Raiz de “tudo quanto foi, é ou será”.

II. A Eternidade do Universo in toto, como plano sem limites, periodicamente "cenário de Universos Inumeráveis, manifestando-se e desaparecendo incessantemente", chamados "estrelas que se manifestam", e "centelhas da Eternidade". "A Eternidade do Peregrino" é como um abrir e fechar de Olhos da Auto-Existência (Livro de Dzyan). "O aparecimento e desaparecimento de Mundos é como o fluxo regular das marés."

Esta segunda afirmação da Doutrina Secreta é a universalidade absoluta daquela lei de periodicidade, de fluxo e refluxo, de decadência e crescimento, que a ciência física tem observado e registrado em todas as esferas da Natureza. Uma alternância tal como dia e noite, vida e morte, sono e vigília, é um fato tão perfeitamente universal e sem exceção que será fácil compreender de que forma vemos neles uma das Leis absolutamente fundamentais do Universo.

Afirma também a Doutrina Secreta:

III. A identidade fundamental de todas as Almas com a Alma Suprema Universal, sendo esta última um aspecto da Raiz Desconhecida; e a peregrinação obrigatória de todas as Almas, centelhas daquela, através do Ciclo de Encarnação (ou de "Necessidade") de acordo com a lei cíclica e cármica durante todo o período. Em outras palavras, nenhuma Buddhi puramente espiritual (Alma divina) pode ter uma existência (consciente) independente, antes que a centelha emanada da Essência pura do Sexto Princípio Universal, ou seja, da ALMA SUPREMA, tenha (a) passado por todas as formas elementares pertencentes ao mundo fenomenal daquele Manvantara, e (b) adquirido a individualidade, primeiramente por impulso natural, e depois pelos esforços planejados e induzidos por si mesmo e regulados por seu Karma, ascendendo assim por todos os graus de inteligência, desde o Manas inferior até o superior; do mineral e planta ao Arcanjo (Dhyani-Buddha) mais sublime. A Doutrina central da Filosofia Esotérica não admite para o homem nenhum privilégio ou dom especiais, salvo aqueles adquiridos por seu próprio Ego, por esforço e mérito pessoais, através de uma longa série de metempsicoses e reencarnações.

FONTE: Fundamentos da Filosofia Esotérica, compilação de escritos de Helena P. Blavatsky, publicado no Brasil pela Ed. Teosófica.

La Aplicación Práctica De Las Tres Proposiciones Fundamentales De La Doctrina Secreta

(1) Un Principio Omnipotente, Eterno, Sin Límites e Inmutable… una Realidad absoluta anterior a todo Ser manifestado y condicionado.

(2) la universalidad absoluta de esa ley de periodicidad que la ciencia física ha observado…

(3) la identidad fundamental de todas las Almas con el Alma Suprema Universal… y la peregrinación obligatoria para todas las Almas… a través del Ciclo de Encarnación… conforme con la Ley Cíclica y Kármica…

(Las Proposiciones Fundamentales completas, ver Vol. I, págs. 29/82)

“El problema que existe con las tres Proposiciones Fundamentales es que están por allí, arriba en el azul, en algún lado. No solucionan ninguno de mis problemas. ¿Por qué molestarme en estudiarlas?”

A menudo escuchamos esta queja, no sólo respecto a las tres Proposiciones Fundamentales, sino a toda La Doctrina Secreta. Se dice que los conceptos son demasiado abstractos, muy vastos, demasiado impracticable su comprensión. Sin embargo, si La Doctrina Secreta no hiciera otra cosa que elevar nuestras mentes “allá arriba en el azul”, habría cumplido con un valioso objetivo. Tendríamos una perspectiva más amplia, podríamos ver nuestros problemas como un todo y tal vez detendríamos nuestra interminable carrera sin sentido de duda y especulación. Es en el nivel de “los problemas diarios” que comenzamos a especular: “¿Es esto correcto?, ¿está bien?, ¿debo hacer esto? ¡Debe haber alguna respuesta en alguna parte!”

La lógica pura nos daría respuestas, pero rara vez somos capaces de lógica pura en el nivel de “los problemas diarios”. Viene de una octava mucho más elevada de nuestro ser, y escasamente puede abrir una brecha en la maraña de dudas, miedos, enojos, temores y otras frecuentes emociones incontrolables que nos bloquean cuando nos encontramos en medio de situaciones que parecen empujamos en diferentes direcciones al mismo tiempo, es decir cuando debemos elegir entre ésta, aquélla, o alguna otra acción, o permanecer paralizados en la inacción. En casos extremos incluso nos preguntamos por qué los Maestros no nos ayudan, nos muestran qué hacer, o qué dirección tomar.

Sugiero que nos han dado direcciones en La Doctrina Secreta, específicamente en las tres Proposiciones Fundamentales. Ellas establecen los principios básicos que operan dentro del Universo y subyacen en él. Nosotros somos inevitablemente una parte de ese accionar y de ninguna manera podemos apartarnos de él. De este modo, cuando comprendemos que estos principios gobiernan nuestro ser, comenzamos a comprender que podemos aplicarlos en un infinito número de situaciones. Al respecto, tal vez sea significativo, que una definición de lógica es “un sistema de principios subyacentes”. Seguramente esto es lógica en su forma pura.

Entonces tal vez podemos dirigirnos hacia ese nivel más profundo y elevado para iluminar nuestro diario vivir.

NECESIDAD DE ESFUERZO PERSONAL

Es en nuestro mundo de cada día que necesitarnos encontrar la “aplicación práctica” de estas verdades trascendentales. No podemos esperar que nos lleven de la mano y que se nos diga “¡Ahora debes hacer esto o aquello!”. Seguramente los Adeptos se convirtieron en lo que son por medio de un largo y a menudo agonizante esfuerzo por aprender a aplicar los principios que ellos han expuesto. El peregrino difícilmente puede esperar que el sendero le resulte fácil o suave, aunque se lastimen sus pies o se fatigue. Esto se menciona claramente en Cartas de los Maestros a A.P. Sinnett (Carta 54, pág. 328, Editorial Orión, 1ª Edición en castellano) “El hecho es que hasta la última y suprema iniciación todo chela… es dejado a su propia voluntad y determinación. Tenemos que librar nuestras propias batallas, y el adagio familiar “el Adepto se vuelve tal, no es hecho tal” es verdad en todo sentido”. Dicho de otro modo, desarrollamos nuestros músculos espirituales usándolos, no si se nos evita la necesidad de usarlos. La respuesta natural a esto podría ser: “Pero el adeptado es algo lejano en el futuro. ¡Necesito algo que me ayude ahora!”

Debemos recordar que cada paso que demos, por pequeño que sea, nos lleva inexorablemente en una dirección o en otra, hacia la realización de nuestra naturaleza divina o hacia su degradación. Estamos equivocados al desmerecer inclusive esos pequeños esfuerzos que puedan parecernos de poca importancia; si están de acuerdo con nuestras mejores capacidades al presente, son seguramente pasos necesarios en nuestro viaje evolutivo.

PRINCIPIOS INVIOLABLES

Se sugirió con anterioridad que las tres Proposiciones Fundamentales pueden mostramos nuestra dirección. Si las comprendemos como principios inviolables del universo y de nuestra propia naturaleza, entonces no necesitamos pensar más en ellos como algo ajeno a nosotros, algo “arriba en el azul en alguna parte”. Mejor dicho, pueden llegar a ser a tal punto parte de nuestras vidas, que ya no necesitemos pensar en ellos concienzudamente. Pueden servirnos como una fuente espontánea de verdad en cada circunstancia y situación. La medida en que esto ocurra seguramente dependerá del grado de profundidad en que han echado raíces en nuestro ser. Si les restamos valor, concentrándonos sólo en consideraciones mundanas, nos perdemos en la confusión de decisiones; sólo en la fuente de la verdad “la elección sin elección” es posible. H.P.B. dijo sobre las tres Proposiciones: “No sería aquí el lugar para iniciar una defensa o prueba de su inherente razonabilidad, ni puedo detenerme a mostrarles cómo, ciertamente, están contenidas en cada sistema de pensamiento o filosofía, dignos de su nombre. Cuando el lector ha obtenido una clara comprensión de ellas y ha percibido la luz que arrojan sobre cada problema de la vida, no necesitarán mayor justificación a sus ojos, porque su verdad será tan evidente como el sol en el cielo». (La Doctrina Secreta, Vol. I, pág. 84 –el destacado en cursiva ha sido agregado–)

Con estas afirmaciones en mente, podemos comenzar a considerar las Proposiciones. Al principio no será posible evitar mencionar algunas ideas abstractas. Pero pocos de nosotros habremos estado interesados en la Teosofía, si no nos hemos dado cuenta que detrás de todo lo que vemos, escuchamos, tocamos, gustamos y olemos, subyace una abstracción, una “no–cosa”, que no es “nada” sino la fuente oculta de todas las cosas.

PRIMERA PROPOSICIÓN

La primera Proposición se refiere a esta fuente oculta –un “Principio Omnipresente, Sin Límites e Inmutable” que H.P.B. dice es “la Realidad absoluta una que antecede todo lo manifestado y condicionado”. Ésta es la “Causa Infinita y Eterna… la raíz sin raíz de “todo lo que fue, es, o ha de ser”. Es lo Absoluto, la “Seidad” más bien que el Ser. (vol. I, pág. 79). Es importante que reflexionemos sobre esto, no dejarlo por impaciencia o frustración, o por la afirmación de H.P.B. que esta Seidad está “más allá del pensamiento o la especulación”. Obviamente, no es cuestión de especular con ella, sino de un conocimiento interno, que no es conocimiento intelectual. Sentimos que no sabemos, y que no podemos saber mucho sobre la Seidad. Sabemos que somos “ser–es” y como tales estamos atrapados en una trama de circunstancias; a menudo podemos preguntarnos si deberíamos tratar de escaparnos o simplemente de renunciar.

Ciertamente no podemos escaparnos, y por la misma razón es inútil tratar de renunciar. Pero por los poderes inherentes en la Seidad, que son los poderes potenciales del Ser, podemos aprender a dirigir nuestra respuesta a las circunstancias, que en su verdadero sentido es dirigir las circunstancias.

Otra dificultad para nosotros, quizás, es comprender la idea de un potencial infinito sin la existencia de cosas específicas separadas. Si podemos usar de algún modo una analogía condicionada, (basándonos en la afirmación de H.P.B. que la analogía es “el único y verdadero hilo de Ariadna” que nos llevará a la solución de los misterios básicos de la Naturaleza), deberíamos considerar la mente.

Supongamos que, aunque sea por un instante, pudiéramos dejar la mente totalmente en blanco –completamente, sin ningún pensamiento en particular. En este estado los pensamientos, como pensamientos, no existen; están podríamos decir “en disolución”; lo que existe es “el pensamiento total”. Nada ocurre. Tenemos sólo la auto–existencia de la mente misma–mentidad, más que mente. Sin embargo allí existe el potencial para un número infinito de pensamientos separados. La mente puede pensar en cualquier cosa. Las posibilidades son ilimitadas. Y en el instante en que tal mentidad (estado de mente) se vuelve una mente, se precipitan pensamientos específicos. Esto es “automático”. Nada hace que esto ocurra, sólo ocurre porque el pensamiento es la actividad natural de la mente. Sin embargo no se ha separado de tal mentidad; sólo hubo la expresión de la mentidad en una mente, y por lo tanto, en pensamientos.

Más o menos del mismo modo, el universo (y deberíamos recordar que cada uno de nosotros es el universo en miniatura) se precipita de la Seidad al Ser, cuando el impulso creativo comienza a agitarse. No hay una separación de la Seidad; el Ser está en manifestación. Esta manifestación asume innumerables formas por la infinita riqueza de su fuente, El principio eterno e inmutable (Seidad) dice H.P.B. “continúa siendo un principio sin comienzo ni fin; pero está latente en cada átomo en el Universo, y es el universo mismo. (Vol. I, pág. 286)

VALOR PRÁCTICO DE LA PRIMERA PROPOSICIÓN

¿Tiene alguna aplicación práctica saber todo esto? Puede parecer remoto de todo aquello con lo que estamos relacionados a diario, a menos que podamos verlo ocurriendo constantemente, no sólo en el hecho mismo de nuestra presencia aquí en este mundo físico, sino en cada situación, en cada acontecimiento en el que tomamos parte.

Profundizando un poco más en este concepto, podemos notar que H.P.B. nos dice en su comentario que esta Realidad Absoluta tiene tres aspectos. Ella los denomina Movimiento Abstracto Absoluto, Espacio Abstracto Absoluto y Duración. Nuevamente puede parecemos estar tratando ideas difíciles de entender. Sin entrar en discusión sobre estos aspectos en el sentido “absoluto”, consideremos qué significan en relación con nosotros.

Al Movimiento Abstracto Absoluto se lo llama Ideación pre–cósmica. Es la raíz de esa cualidad que hace posible la creatividad, es la raíz de la consciencia individual. Por medio de infinitas degradaciones y “rebajes” (semejante a cómo un ransformador reduce el poder de la electricidad, de forma que se vuelve útil en vez e destructivo), se manifiesta como nuestra mente, nuestro pensamiento.

El Espacio Abstracto Absoluto se define como “espacio pre–cósmico” –la raíz de esa cualidad que hace posible las formas– le da a la creación la “posibilidad de todas las cosas”. Es el substratum de la materia, es decir el potencial raíz de todo tipo de materia que podemos conocer aquí en el mundo físico, incluyendo nuestros cuerpos físicos, sin mencionar las formas más sutiles de materia.

La Duración es la raíz del tiempo, allí de donde surge el principio de orden en la manifestación. Es la raíz de esa cualidad que hace posible la acción. Entonces, de esta Realidad una absoluta obtenemos nuestra consciencia, nuestra mente, nuestro poder del pensamiento, nuestro poder de crear. Obtenemos la materia, de la cual se crean las cosas; y obtenemos el tiempo, que nos da libertad para una acción creativa. Esta Realidad no sólo es la raíz de nosotros mismos, es la raíz de todo lo que somos, de todo aquello con lo que trabajamos, y de toda capacidad bajo nuestras órdenes.

DOCTRINA DE LA VIDA UNA

De esta verdad sublime proviene la doctrina de la Vida Una. Si para nosotros es una realidad, no podemos considerar la fraternidad como un mero ideal que algún día se convierta en realidad, en un futuro lejano. Vemos la fraternidad como una ley inevitable –tan inevitable como la ley de la gravedad o cualquier otra ley natural por la que la Vida Una se manifiesta. Esto implica no sólo respeto por los seres humanos, sino respeto por la vida toda. Comprendemos que no podemos violar esta ley; podemos chocar contra ella y lastimarnos, hasta que aprendamos a obedecerla moralmente, tan instintivamente como obedecemos ahora en el físico la ley de gravedad. Podemos decir que ésta es la aplicación práctica esencial de la primera Proposición Fundamental.

SEGUNDA PROPOSICIÓN

La segunda Proposición afirma “la universalidad absoluta de la ley de periodicidad” por medio de la cual opera la Vida Una manifestándose como “el flujo y reflujo regular de las mareas”, (Vol. I, pág. 81). H.P.B. agrega que alternativas tales como Día y Noche, Vida y Muerte, Sueño y Vigilia, son hechos absolutamente fundamentales de la naturaleza. Ella se refiere al universo mismo con la manifestación periódica de la Realidad Una postulada en la primera Proposición.

Por lo tanto la ley de periodicidad se extiende a los límites máximos de todo lo que podamos conocer, e inclusive más allá. El universo es maya, nos dice, porque su manifestación (y por lo tanto la manifestación de todas las cosas) es temporaria.

MAYA COMO PODER CREATIVO

Ya nos hemos referido a la doctrina de maya, pero examinemos esta idea nuevamente. La palabra maya se traduce tan a menudo como 'ilusión', que podemos pensar que no existe absolutamente nada, que todo nuestro mundo de experiencia –feliz y triste, bello y desagradables– una mera alucinación. Si esto fuera así, podríamos estar de acuerdo con la mujer que, viviendo un momento difícil, exclamó: “¿Por qué debería pedirle a Dios que me perdone? ¿Cómo voy yo a perdonarlo?” Sentimos en nuestro ser interior que el mundo que experimentamos no puede ser una broma de mal gusto, hecha a seres indefensos por una deidad cruel Y maliciosa. Podemos decir que es “irreal” porque es relativo y no eterno. Es el reino de los efectos. Al igual que el tronco, las ramas, y las hojas de un árbol no son irreales por no ser las raíces. Las raíces, el tronco, las ramas y hojas son un árbol, pero la raíz de su vida –el ser árbol– está en la parte oculta. Maya esencialmente es un poder, un poder de la creación. Es acción y lo que es producido por la acción. Se dice que el significado raíz original de la palabra es “una creación o manifestación mágica”, o el proceso de imaginación creativa. Este es un proceso natural; podríamos decir que es un proceso involuntario. Porque ser es crear. A menudo se pregunta “Si Dios es perfecto como punto de partida, ¿por qué es necesaria la evolución?” Puede ser que nuestro concepto humano de motivación sea irrelevante. Podemos sugerir que la única y simple respuesta es: ser es crear.

PRINCIPIO DE ORDEN

Esta segunda Proposición Fundamental tiene una relación importante con otro aspecto mencionado antes –el de Duración, la raíz del tiempo, esa cualidad que hace posible la acción. La duración se considera inalterable, pero como la raíz del cambio. El proceso está implícito en la ley cíclica, y el proceso siempre incluye al cambio. La segunda Proposición por lo tanto, establece el principio de los procesos ordenados de tiempo y cambio. Y este, nos damos cuenta, es el proceso en el que todos estamos “atrapados”. Nuestras religiones mundiales, nuestras filosofías, nuestras ciencias, están todas influidas por el tiempo y el cambio, porque constituyen el proceso que permite el desarrollo de la consciencia.

REENCARNACIÓN

De esta segunda Proposición, proviene nuestro convencimiento de que la reencarnación es la manifestación de esta ley cíclica (a la que se refiere más específicamente la tercera Proposición). Para cada ser, la vida se desvela como una serie infinita de comienzos. Dado que esto es verdad, nos damos cuenta que mientras no podemos objetiva y realmente cambiar el pasado, o nuestro Karma del pasado, sí podemos cambiar nuestra consciencia en relación con hechos pasados. Vemos nuestro Karma bajo una luz totalmente nueva, y esto hace que sí lo cambie porque nuestra propia consciencia es el principal factor en nuestro karma individual. Las causas están en nosotros, y mientras permanezcan, se expresarán como efectos; pero la naturaleza de esos efectos está completamente alterada por los cambios que ocurren en nosotros por medio de esta “serie eterna” de comienzos. Ésta es la aplicación práctica esencial de la segunda Proposición.

TERCERA PROPOSICIÓN

En la tercera Proposición Fundamental se presenta específicamente la doctrina de a reencarnación. Aquí comenzamos a ver que todas estas Proposiciones están mutua e inextricablemente relacionadas. La tercera Proposición afirma la “identidad fundamental de todas las Almas con el Alma Suprema Universal”, y la “peregrinación obligatoria para todas las almas a través del Cielo de Encarnación o Necesidad” (Vol. I, pág. 81). Más aún, esta Proposición hace que nuestro peregrinaje dependa de “un esfuerzo auto–inducido y auto–proyectado”, sin “privilegios o favores especiales, excepto aquellos ganados” por nosotros mismos “por medio del esfuerzo personal y el mérito”.

Hasta el momento en que alcanzamos la etapa humana, y quizás por muchas vidas más, el progreso se logra por medio de lo que H.P.B. llama “el impulso natural”. Ésta es la evolución misma, que siempre se dirige hacia adelante y no se puede invertir. Pero desde el momento en el que despertamos al hecho de nuestra responsabilidad individual, todo el proceso de desarrollo se vuelve un proyecto “hazlo tú mism”. Donde sea que vayamos, debemos llegar por nuestros propios esfuerzos, no podemos subirnos sobre los hombros de nadie.

Mientras tenemos que reflexionar sobre esta idea para reconocer su verdad, todavía necesitamos darnos cuenta que también viajamos en compañía de otros peregrinos con afecto y ayuda mutua. Nuestra empresa es común, aunque nuestros descubrimientos y logros individuales son expresiones únicas de esa empresa. Además se podría sugerir que no deberíamos inferir que la frase “esfuerzo auto–inducido y auto–proyectado”, significa que a la personalidad se la deja sola para que lo haga todo. Tenemos otros y mayores poderes de donde obtener “los poderes deificos” en nosotros, como escribió el Mahatma K.H. a A.P.Sinnett. Estos son los poderes enraizados en la Realidad una a que se refiere la primera Proposición, y que estamos desarrollando.

EL SENDERO HACIA ADELANTE

Sólo hay un camino para avanzar. Debemos descubrir cuáles son esos poderes divinos que hay en nosotros y que, tenemos que desarrollar. Debemos conocer el universo en el que estarnos para ejercitar esos poderes, recordando que no estamos separados de él. No podemos cambiar lo que es, pero debemos conocerlo para ser una parte inteligente. Es decir comprender el hecho de nuestra identidad fundamental con el Alma Suprema Universal y manifestarlo en nuestra vida diaria.

No le damos importancia a algunos de nuestros poderes –el poder caminar, por ejemplo, poder hablar, y hacer otras cosas mecánicas y físicas. Sabemos que tenemos el poder de sentir, de pensar. Y cuando necesitamos algo donde nuestros poderes físicos son inadecuados, usamos los poderes de la mente para inventar maquinaria que lo hará por nosotros. De este modo manifestamos ese aspecto de la Seidad que hace posible la creatividad, el aspecto que permite la forma, y el aspecto que hace posible la acción. Tampoco le damos importancia al universo en que vivimos. Con confianza esperamos que el planeta continuará girando sobre su eje alrededor del sol, y que todas las estrellas y planetas seguirán en sus órbitas acostumbradas.

Pero si pensamos con mayor profundidad, nos damos cuenta que todo es un gran misterio. Sólo podemos contemplar con reverencia y maravilla la gran Inteligencia que diseñó y continúa manteniendo y dirigiendo este universo perfectamente ordenado.

Debido a nuestra Identidad fundamental con el “Alma Suprema”, los poderes realmente divinos son inherentes en nosotros. Debemos desarrollar plenamente estos poderes divinos, por nuestros propios “esfuerzos auto–inducidos y auto–proyectados”.

¿Podríamos considerar a las grandes verdades de las tres Proposiciones Fundamentales como energías vivas más que como ideas abstractas? Fluyen a través de cada uno de nosotros, constante, indestructible y eternamente. No están entonces “allá arriba en el azul”. Son el aquí y el ahora esencial de nuestra existencia. Podríamos parafrasear los comentarios de G. K. Chesterton sobre filosofía en general y decir que la pregunta no es si estas grandes verdades realmente nos importan; la pregunta es si nos interesa alguna otra cosa.

Un sabio japonés, de la antigüedad dijo “No traten de hacer lo que hicieron vuestros predecesores; traten de buscar lo que ellos buscaron”. Estudiar La Doctrina Secreta en su totalidad, ir creativamente al encuentro de la sabiduría inmortal, es llegar a la obra de H.P.B. con corazón y mente abierta, buscando lo que buscaron los sabios a través de las épocas, siguiendo el mandato dado por H.P.B. misma: “No me sigan a mí, ni mi Sendero, sino el Sendero que les muestro, que conduce a los Maestros”.

FONTE: LA DOCTRINA SECRETA, Su estudio y aplicación práctica, livreto de autoria de Joy Mills e Virginia Hanson, publicado em espanhol pelo Editorial Teosófica Interamericana, Rosario, Argentina, 1996.