sexta-feira, 14 de maio de 2010

A Chave para a Teosofia - H. P. Blavatsky

Capítulo I - A TEOSOFIA E A SOCIEDADE TEOSÓFICA


SIGNIFICADO DO NOME

Pergunta. Muitas pessoas afirmam que a Teosofia e as suas doutrinas são uma nova religião atualmente em voga. Pode dizer-se que a Teosofia é uma religião?

Resposta. Não. A Teosofia é o Conhecimento ou Ciência Divina.


P. Qual é o verdadeiro significado do termo Teosofia?

R. “Sabedoria Divina”, qeosojla (Theosophia) ou Sabedoria dos deuses, como theogonia, genealogia dos deuses. A palavra qeo (Theo) significa um deus em Grego, um dos seres divinos, e não tem nada a ver com o termo “Deus”, tal como é entendido hoje. Não é portanto a “Sabedoria de Deus”, como já tem sido traduzido, mas sim Sabedoria Divina, ou seja, aquela que os deuses possuem.


P. Qual é a origem do nome?

R. O nome foi introduzido pelos filósofos da Escola de Alexandria, que eram chamados amigos da verdade, de phil, “amigo”, e aletheia, “verdade”. O nome Teosofia data do terceiro século da nossa era e surgiu com Ammonius Saccas e os seus discípulos (1), que criaram o sistema eclético teosófico.


P. Qual era a finalidade desse sistema?

R. Em primeiro lugar, inculcar determinadas grandes verdades morais nos seus discípulos, bem como em todos aqueles que eram “amigos da verdade”. Daí o lema adotado pela Sociedade Teosófica: “Não há religião superior à verdade.” (2) O principal objetivo dos Fundadores da Escola Teosófica Eclética era um dos três objetivos da sua sucessora atual, a Sociedade Teosófica, nomeadamente reconciliar todas as religiões, seitas e nações sob um sistema comum de ética baseado nas verdades eternas.


P. Como é que pode provar que isso não é um sonho impossível e que todas as religiões do mundo se baseiam de fato na mesma verdade única?

R. Pelo estudo comparativo e análise dessas religiões. Todos os cultos antigos apontam para a existência de uma única teosofia que lhes é anterior. A chave capaz de abrir um deles terá de abrir todos os outros; de contrário não será a chave certa. (3)


LINHA DE CONDUTA DA SOCIEDADE TEOSÓFICA

P. No tempo de Ammonius Saccas havia diversas grandes religiões antigas e eram numerosas as seitas que existiam só no Egito e na Palestina. Como conseguia ele conciliá-las?

R. Fazendo aquilo que estamos agora tentando fazer outra vez. Os neoplatônicos formavam uma escola numerosa e pertenciam a filosofias religiosas diferentes, tal como os teósofos de hoje. O judeu Aristóbulo afirmou, nesse tempo, que a ética de Aristóteles continha os ensinamentos esotéricos da Lei de Moisés; Fílon, o Judeu, tentou conciliar o Pentateuco com a filosofia pitagórica e platônica; e Josefo provou que os Essênios de Carmel não passavam de simples copistas e seguidores dos Terapeutas egípcios (os curandeiros). E assim fazemos nós hoje. Podemos mostrar como se deu a evolução de todas as religiões cristãs, incluindo as seitas mais pequenas. Estas não são mais que pequenos galhos ou rebentos dos ramos maiores; mas tanto os rebentos como os ramos nascem do mesmo tronco - a RELIGIÃO-SABEDORIA. O objectivo de Ammonius Saccas foi provar precisamente isso; Ammonius Saccas tentou levar gentios e cristãos, judeus e idólatras, a esquecerem as suas dissidências e conflitos, e a lembrarem-se apenas de que todos eles possuíam a mesma verdade, embora a formulassem de maneiras diferentes, e que todos eles eram filhos de uma mãe comum. É este também o objetivo da Teosofia.


P. Em que fontes é que se baseia para fazer tais afirmações sobre os antigos teósofos de Alexandria?

R. Em numerosos escritores conhecidos. Um deles, Mosheim, diz: Ammonius Saccas ensinou que a religião das multidões caminhava a par e passo com a filosofia e, tal como ela, fora gradualmente corrompida e obscurecida por meras vaidades, superstições e mentiras humanas; que deveria, portanto, ser expurgada dessas impurezas e interpretada segundo princípios filosóficos a fim de recuperar a sua pureza primitiva; e que a totalidade do que Cristo se referia era afinal o restabelecimento da Sabedoria dos antigos e o seu regresso à sua integridade primitiva - uma certa limitação do domínio universal da superstição - e ainda, até certo ponto, a correção e eliminação dos erros que haviam sido assimilados pelas diversas religiões populares (4).

Ou seja, precisamente aquilo que os teósofos modernos defendem. Mas enquanto o grande Amigo da Verdade era apoiado e auxiliado na sua orientação por dois Doutores da Igreja, Clemente e Atenágoras, por todos os doutos Rabinos da Sinagoga, pela Academia e pelos Sábios da Floresta (5), e ensinava uma única doutrina, nós, seus seguidores, não somos reconhecidos, sendo antes insultados e perseguidos. Por aqui se vê que há 1500 anos as pessoas eram bastante mais tolerantes do que o são neste século esclarecido.


P. Não teria Ammonius Saccas o apoio da Igreja porque, apesar das suas heresias, ensinava o Cristianismo e era um cristão?

R. De modo nenhum. Ammonius Saccas era cristão por nascimento, mas nunca aceitou o Cristianismo da Igreja. O autor acima referido disse o seguinte a seu respeito: Bastava-lhe expor os seus ensinamentos “segundo os antigos pilares de Hermes, que Platão e Pitágoras conheciam e nos quais basearam a sua filosofia”. Ao encontrar os mesmos sentimentos expressos no prólogo do Evangelho segundo S. João, Ammonius Saccas supôs, e com razão, que o objetivo de Jesus era restabelecer a grande doutrina da Sabedoria em toda a sua primitiva integridade. Considerava que as narrativas da Bíblia e as histórias dos deuses eram alegorias ilustrativas da verdade, ou fábulas que não deviam ser aceites (*).


A RELlGIÃO-SABEDORIA ESOTÉRICA EM TODOS OS TEMPOS

P. Considerando que não existem nenhum escrito de Ammonius Saccas, como é que se pode ter a certeza de que foi isso que ele ensinou?

R. Também Buda, Pitágoras, Confúcio, Orfeu, Sócrates e mesmo Jesus não deixaram nada escrito e, no entanto, são figuras históricas cujos ensinamentos sobreviveram. Os discípulos de Ammonius Saccas (entre os quais se contam Orígenes e Herênio) escreveram tratados e explicaram a sua ética. Além disso, os seus alunos - Orígenes, Plotino e Longino (conselheiro da famosa Rainha Zenóbia) - deixaram todos trabalhos volumosos acerca do Sistema dos Amigos da Verdade, pelo menos no que diz respeito àquilo que se sabe da sua profissão de fé pública, já que a sua doutrina se compunha de ensinamentos exotéricos e esotéricos.


P. Como é que esses últimos chegaram aos nossos dias, se afirmam que a chamada RELIGIÃO-SABEDORIA era esotérica?

R. A RELIGIÃO-SABEDORIA foi sempre una, e, sendo a última expressão do conhecimento humano possível, foi, portanto, cuidadosamente preservada. É muito anterior aos teósofos de Alexandria, chegou aos nossos dias e sobreviverá a todas as outras religiões e filosofias.

P. Onde e por quem é que ela foi preservada?

R. Entre os Iniciados de todos os países; entre aqueles que procuravam realmente a verdade - os seus discípulos; e nas regiões do mundo onde desde sempre se atribuiu maior valor e mais se aprofundaram essas questões: a índia, a Ásia Central e a Pérsia.


P. Pode apresentar-me provas do seu esoterismo?

R. A melhor prova que lhe posso dar é que todos os cultos religiosos, ou, melhor, filosóficos, consistiam num ensinamento esotérico ou secreto, e numa veneração exotérica (destinada ao público). Além disso, é um fato bem conhecido que os MISTÉRIOS dos antigos compreendiam em todas as nações os MISTÉRIOS maiores (secretos) e os MISTÉRIOS menores (públicos), como por exemplo as cerimônias secretas que se realizavam em Elêusis, na Grécia. Tanto Hierofantes da Samotrácia e do Egito, e os Brâmanes iniciados da índia antiga, como mais tarde os Rabinos hebreus, mantiveram secretos os verdadeiros princípios das suas doutrinas bona fide (de boa fé), com receio de que fossem profanados. Os Rabinos judeus chamavam ao seu conjunto de princípios religiosos seculares a Merkabah (corpo exterior), “veículo”, ou “a capa sob a qual se esconde a alma invisível”, ou seja, o seu mais alto conhecimento secreto. Não houve uma única nação antiga que transmitisse às massas, através dos seus sacerdotes, os seus verdadeiros segredos filosóficos, comunicando-lhes apenas a “casca”. O Budismo do Norte tem o seu “grande” veículo e o seu “pequeno” veículo, conhecidos por Escola Mahayana e Escola Hinayana. Pitágoras chamou à sua Gnose “o conhecimento das coisas que são” e reservou esse conhecimento apenas para os discípulos que conseguiam digerir esse alimento espiritual e sentir-se satisfeitos, fazendo-os jurar que guardariam silêncio e sigilo. Os alfabetos ocultistas e as cifras secretas são resultado da evolução dos antigos escritos hieráticos do Egito, cujo segredo, na Antigüidade, estava exclusivamente em poder dos Hierogramatistas, ou sacerdotes egípcios iniciados. Segundo os seus biógrafos, Ammonius Saccas fazia os seus alunos jurarem não divulgar as suas mais altas doutrinas, exceto àqueles que já haviam sido iniciados no conhecimento preliminar, que por sua vez também estavam vinculados por juramento. Aliás, não encontramos também idêntica atitude no Cristianismo primitivo, entre os Gnósticos, e mesmo nos ensinamentos de Cristo? Este falava às multidões em parábolas com um duplo sentido, explicando-as apenas aos discípulos. “A vós”, disse Cristo, “é dado conhecer o mistério do reino de Deus, mas aos que estão de fora tudo se lhes propõe em parábolas” (S. Marcos, IV, 2). “Os Essênios da Judeia e do Carmel estabeleciam uma distinção semelhante, dividindo os seus seguidores em neófitos, irmãos e perfeitos”, ou seja, os iniciados (6). Podemos encontrar exemplos disto em todos os países.


P. É possível alcançar-se a “Sabedoria Divina” apenas através do estudo?

R. Julgo que não. Os teósofos antigos, tal como os de agora, afirmaram que não é possível conhecer-se o infinito através do finito, ou seja, que o Eu finito não pode chegar ao conhecimento do infinito, mas que a essência divina pode ser comunicada ao Eu espiritual superior num estado de êxtase.


P. Como é que explica isso?

R. O verdadeiro êxtase foi definido por Plotino como sendo “a libertação do espírito da sua consciência finita e a sua identificação com o infinito”. Este estado é idêntico àquele que na índia se designa por Samadhi. Os Yoguis praticam este último mediante uma preparação física baseada na maior abstinência de comida e de bebida, e uma preparação mental que consiste num esforço permanente de purificação e de elevação do espírito. A meditação é uma oração silenciosa e sem palavras ou, como disse Platão, “um ardente voltar da alma para o divino, não para pedir um bem específico qualquer (como acontece na oração vulgar), mas pelo bem em si - o Bem Supremo universal”, do qual nós somos na terra uma parte e de cuja essência todos nós emanamos. E Platão acrescenta: “assim, guardai o silêncio na presença dos divinos, até que eles afastem as nuvens dos vossos olhos e vos façam ver com a luz que deles emana não o que vós julgais ser o bem mas aquilo que é intrinsecamente bom”. (7)


P. Portanto, a Teosofia, não é, como alguns afirmam, um sistema concebido recentemente?

R. Só os ignorantes podem se referir desse modo à Teosofia. A Teosofia é tão antiga como o mundo, tanto nos seus ensinamentos como na sua ética, senão no nome, e é também o sistema mais amplo e mais católico que existe.


P. Qual o motivo, então, por que há uma tal ignorância no que diz respeito à Teosofia entre as nações do Mundo Ocidental? Por que razão é que a Teosofia é um livro fechado para raças que são reconhecidas como as mais cultas e avançadas?

R. Na nossa opinião, existiram na antigüidade nações tão cultas e, sem dúvida, mais “avançadas” espiritualmente do que nós. Mas há várias explicações para esta ignorância voluntária. Uma delas foi dada por S. Paulo aos atenienses cultos: o fato de o verdadeiro discernimento espiritual, e até de o interesse, se ter perdido durante muitos séculos devido à sua grande dedicação às coisas dos sentidos e à sua longa escravidão à letra morta do dogma e do ritual. Mas o motivo principal é sem dúvida o fato de a verdadeira Teosofia ter sido mantida sempre secreta.


P. Já demonstrou que esse sigilo na realidade existia, mas qual é a sua verdadeira causa?

R. As causas foram: Primeiro, a perversidade e egoísmo da natureza humana dum modo geral, a sua tendência para gratificar sempre desejos pessoais em detrimento do próximo e dos familiares. Nunca se poderia confiar segredos divinos a pessoas assim. Segundo, o fato de não se poder esperar que essas mesmas pessoas impedissem que o conhecimento sagrado e divino fosse profanado. Foi esta última razão que fez também com que as verdades e os símbolos mais sublimes fossem pervertidos e que as coisas do espírito fossem gradualmente transformadas em imagens antropomórficas, concretas e grosseiras; por outras palavras, que a idéia de deus fosse diminuída e surgisse a idolatria.


TEOSOFIA NÃO É BUDISMO

P. Diz-se freqüentemente que os teósofos são “Budistas Esotéricos”. Poderá dizer-se então que são adeptos de Gautama Buda?

R. Tanto como dizer-se que os músicos são adeptos de Wagner. Alguns são budistas por religião; todavia, entre nós, há muito mais hindus e bramanistas, bem como europeus e americanos cristãos, do que budistas convertidos. Esse erro surgiu devido a uma interpretação errônea do verdadeiro significado do título da excelente obra de A. P. Sinnett, Esoteric Buddhism, cuja última palavra deveria ter sido escrita com um único “d” em vez de dois, pois nesse caso significaria aquilo que era pretendido, ou seja, “Sabedoriismo” (de Bodha, bodhi, “inteligência”, “sabedoria”) e não budismo, ou seja, a filosofia religiosa de Gautama Buda. A Teosofia, como já se disse, é a RELIGIÃO-SABEDORIA.


P. Qual a diferença que existe entre o budismo, a religião fundada pelo Príncipe de Kapilavastu, e o “Sabedo-riismo” que diz ser sinônimo de Teosofia?

R. Precisamente a mesma diferença que existe entre os ensinamentos secretos de Cristo, que são chamados “os mistérios do Reino dos Céus”, e o ritualismo e a teologia dogmática posteriores das diversas Igrejas e seitas. Buddha significa o “Iluminado” por Bodha, ou entendimento, Sabedoria. Este conceito foi integralmente assimilado nos ensinamentos esotéricos que Gautama comunicou apenas aos seus Arhats.


P. Mas alguns orientalistas afirmam que Buda nunca ensinou uma doutrina esotérica.

R. Isso é a mesma coisa que afirmar que a Natureza não tem segredos para os homens de ciência. Adiante citarei uma conversa entre Buda e o seu discípulo Ananda que desmente essa afirmação. Os ensinamentos esotéricos de Buda eram apenas o Gupta-Vidya (conhecimento secreto) dos antigos brâmanes, cuja chave os seus sucessores modernos, salvo raras exceções, perderam por completo. E este Vidya foi absorvido por aquilo que é agora conhecido por ensinamentos ocultos da escola Mahayana do Budismo do Norte. Quem o negar não passa dum simples pseudo-orientalista ignorante.


P. Mas a ética da Teosofia não é idêntica àquela que Buda ensinava?

R. Sem dúvida, porque essa ética é a alma da Religião-Sabedoria, e foi numa época patrimônio comum dos iniciados de todas as nações. Mas Buda foi a primeira pessoa a incorporar essa ética sublime nos seus ensinamentos públicos e a torná-la a pedra angular e verdadeira essência do seu sistema público. É nisto que reside a enorme diferença entre o budismo exotérico e todas as outras religiões, pois enquanto estas dão primazia ao ritual e ao dogma, o budismo insistiu desde sempre sobretudo na ética. Isto explica a semelhança, senão identidade, que existe entre a ética da Teosofia e a da religião de Buda.


P. Há grandes diferenças entre os dois sistemas?

R. Uma das grandes diferenças entre a Teosofia e o budismo exotérico é que este nega por completo a existência (a) de qualquer Divindade e (b) de qualquer vida consciente depois da morte, ou mesmo de qualquer sobrevivência da individualidade autoconsciente no homem. Isto se nos referirmos apenas aos ensinamentos públicos de Buda; mais adiante explicarei por que motivo Buda se mostrava tão reticente nessa matéria. Porém, as escolas da Igreja Budista do Norte, fundadas nos países para onde se retiraram os Arhats iniciados após a morte do Mestre, ensinam todas aquilo a que hoje se chama as doutrinas teosóficas, porque estas fazem parte do conhecimento dos iniciados. Contudo, Teosofia não é Budismo.


Notas:

(1) Também chamados Analogistas. Como explicou o Prof. Alex Wilder, F. T. S. (Membro da Sociedade Teosófica), na sua obra New Platonism and Alchemy: The Eclectic Philosophy, foram assim chamados devido ao fato de interpretarem todas as lendas e narrativas sagradas, mitos e mistérios, segundo uma regra ou princípio de analogia e correspondência, de forma que acontecimentos verificados no mundo exterior eram tomados como uma expressão de operações e experiências da alma humana. Foram também designados neoplatônicos. Embora geralmente se situe a origem da Teosofia ou do sistema eclético teosófico no séc. lV, a dar-se crédito a Diógenes Laércio, a sua origem é muito anterior, pois este atribuiu o sistema ao sacerdote egípcio Pot-Ámon, que viveu no princípio da Dinastia Ptolomáica. O mesmo autor afirma que o nome é copta e significa pessoa consagrada a Ámon, o Deus da Sabedoria. A Teosofia é o equivalente de Brahmã-Vidya, conhecimento divino.

(2) A Teosofia Eclética baseia-se em três princípios fundamentais: (1) Existência duma Divindade suprema ou essência infinita, absoluta e incompreensível, que é a origem de toda a natureza e de tudo aquilo que existe, visível e invisível. (2) Caráter imortal e eterno do homem, pois sendo uma emanação da Alma Universal a sua essência é idêntica à desta. (3) Teurgia, ou “trabalho divino”, ou aquilo que gera um trabalho de deuses, de theoi, “deuses”, e ergein, “trabalhar”. O termo é muito antigo, mas, como pertence ao vocabulário dos MISTÉRIOS, o seu uso não estava vulgarizado. Consistia numa crença mística - comprovada na prática por adeptos iniciados e sacerdotes - segundo a qual se o homem se tornasse tão puro como os seres incorpóreos, isto é, se regressasse à pureza primitiva da sua natureza, conseguiria levar os deuses a comunicarem-lhe os mistérios divinos, e mesmo por vezes a tornarem-nos visíveis, quer subjetiva quer objetivamente.

(3) Wilder, op. cit., p. 11.

(4) Wilder, op. cit., p. 5.

(5) Referência muito provável aos ermitérios dos Sannyasis (ashrams) - (N. do T.).

(6) Wilder, op. cit., pp. 8-9, 5.

(7) Wilder, op. cit., p. 7.

(8) A verdadeira Teosofia é, para os místicos, aquele estado que Apolônio de Tiana descreveu da seguinte maneira: “Vejo o presente e o futuro como se os visse num espelho límpido. O sábio não precisa de esperar pelos vapores da terra e pela corrupção do ar para prever pragas e epidemias... Os theoi, ou deuses, vêem o futuro; os homens comuns, o presente; os sábios, aquilo que está para acontecer”. A “Teosofia dos Sábios”, de que ele fala, encontra-se bem expressa na afirmação: “O Reino de Deus está dentro de nós.”


FONTE : Do Livro "A Chave da Teosofia
" de H. P. Blavatsky, Edições 70, publicado no Brasil pela Editora Teosófica com o título "A Chave para a Teosofia".

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